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Se você tem ambições, projetos desafiadores prontos para sair do papel e quer deslanchar sua carreira ou empresa, tem que gostar de tempestades. E eu quero convidá-lo a tomar chuva-Marcus Vinícius Freire  no livro Resolva | Divulgação
Se você tem ambições, projetos desafiadores prontos para sair do papel e quer deslanchar sua carreira ou empresa, tem que gostar de tempestades. E eu quero convidá-lo a tomar chuva-Marcus Vinícius Freire  no livro Resolva| Foto: Divulgação

De medalhista olímpico de vôlei em 1984 a executivo do mercado financeiro, o economista Marcus Vinícius Freire transita com muito jogo de cintura entre os negócios e o esporte como diretor executivo do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Com experiência de 12 edições de jogos olímpicos coordenando centenas de atletas e suas equipes, MV, como é conhecido, se tornou um expert em resolver problemas e até pegou gosto por encarar tempestades. Em seu livro Resolva, lançado em outubro, Freire compartilha sua experiência no COB e ensina seu método para transformar problemas em oportunidades, tudo com base em uma frase que ouviu de seu pai na adolescência e tomou como lema: "Resolva, isso faz parte do jogo!".

Qual a importância de ser um bom resolvedor?

Para ser um profissional melhor é preciso ser um resolvedor de problemas. Sempre que aparece um problema, a primeira reação é jogar para outra pessoa ou departamento. Mas o cara que cresce é aquele que assume o problema, que muitas vezes nem é dele, e resolve. É preciso olhar o problema como uma oportunidade de ajudar as pessoas e aproveitá-la para crescer e fazer com que os outros cresçam junto. As histórias que vivi junto ao COB envolvem problemas e soluções de todo tipo que se possa imaginar. Por isso decidi explicar meu método e da minha equipe por meio de histórias olímpicas que as pessoas viram e ouviram.

Como mudar nossas atitudes para ter o hábito de transformar problemas em oportunidades?

Consciência. É preciso entender que o que você vai fazer para os outros vai dar resultado para você e que uma tempestade de problemas é uma chuva de oportunidades. Meu maior desafio disparado foi o caso da Laís Souza [ginasta que ficou tetraplégica devido a um acidente de ski em janeiro]. Pensei em como poderia ajudá-la da melhor forma. Todos os seus problemas ficam pequenos quando você tem que dizer para uma mãe que sua filha sofreu um acidente de tamanha gravidade. Mudei completamente minha forma de viver.

Que lições do esporte podemos levar para o mundo dos negócios?

Treinar, ter metas, trabalhar em equipe, entender a hierarquia. Isso tudo mostra que os valores do esporte são bem-vindos no mercado executivo. Tive uma reviravolta radical quando sofri uma lesão na coluna e não pude mais jogar. Três meses depois, estava operando na bolsa de valores e, na mesma época, tive um acidente de ski e outros problemas pessoais. Diante da tempestade, só consegui reagir porque o esporte me deu todas as referências.

É realmente possível pegar gosto por resolver problemas?

Sim. Uma hora dá um estalo. O meu foi quando fui morar na Itália, cheguei sem saber falar o idioma e três meses depois era capitão do meu time. Depois que você gosta não tem mais jeito. Às vezes até buscamos bons problemas. Foi o que fiz quando decidi que a cozinheira dos atletas nos Jogos de Londres seria a renomada chef Roberta Sudbrack. Já tinha uma equipe local contratada, criei o problema e deu um trabalhão, mas foi um sucesso. Para o uniforme dos atletas na abertura dos jogos de 2016, inventei um concurso entre estilistas brasileiros, com curadoria do Paulo Borges. Vai dar trabalho, mas vamos encarar.

Que consequências podem ter os problemas mal gerenciados?

A emenda pode sair mais cara que o soneto. Em 1999, na tentativa de economizar recursos do COB, negociei um avião militar por preço de custo para transportar para o Canadá os cavalos que participariam das provas de hipismo. Acordei de madrugada com a notícia de que os cavalos não cabiam no avião. Foi um transtorno sem tamanho, com grandes riscos para a equipe, alto custo financeiro e muito estresse, mas aprendemos uma lição: nunca fazer economia porca.

Como tornar o sucesso permanente?

Ajudando as pessoas. Acredito que a energia do mundo é cíclica e conspira a favor de quem ajuda os outros. Fazer a diferença é motivador. É importante equilibrar sua vida. Seu nome deve fazer parte da sua agenda e é inadiável, se você treina todos os dias, por exemplo, respeite esse horário. É preciso desligar, trocar a chave dos negócios, para o esporte, para a família e não viver só do trabalho. Conhecer o mundo também é fundamental, abre a cabeça e dá energia para continuar. Quando você nota que a velocidade da mudança começa a diminuir, é porque é hora de você mudar.

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