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Apesar do país estar em plena safra de cana-de-açúcar, o preço do álcool hidratado combustível já subiu quase 7% nas usinas de São Paulo. A alta, aparentemente causada pelo aumento das exportações, está preocupando os postos de combustíveis que pedem que o governo tome providências e ameaçam fazer repasses a partir da semana que vem para os consumidores.

Segundo o presidente do Sincopetro (maior sindicato de revendedores do país), José Alberto Paiva Gouveia, os preços já aumentaram 33% sobre o mesmo período do ano passado.

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) mostram que entre os dias 3 e 7 de julho o litro era vendido com alta de 2,21%, por R$ 0,89631, contra R$ 0,87685 entre 26 e 30 de junho. Em pesquisa divulgada no dia 26 de maio, segundo o Cepea, o litro custava R$ 0,84048, valor 6,64% menor que o atual.

- Eu não me preocupo se as usinas estão ou não ganhando dinheiro. Mas se querem ganhar, que venham a público dizer. O que não se pode esperar é que o consumidor descubra este aumento na bomba - disse.

Ele alerta para o risco de os reajustes da entressafra a partir de setembro serem feitos sobre "preços que já estão inflacionados".

Para o Sincopetro, apenas no preço da gasolina - que conta com uma mistura de 20% de álcool anidro - o impacto dos reajustes das usinas deverá ser de R$ 0,02 por litro.

O diretor Técnico da Unica, Antônio de Pádua, diz que a produção no país está indo bem. Ele conta que os produtores da entidade - que representam mais de 60% da oferta brasileira - se reunião nesta terça-feira para discutir os reajustes. Mas adianta que "a alta dos preços está possivelmente relacionada ao aumento da valorização do álcool no mercado externo", o que incentiva as exportações.

Pádua admite que a alta dos preços desde o ano passado se refletiu na demanda doméstica, que atingiu o auge de 1,2 bilhão de litros por mês em 2005 e caiu para 900 mil litros em junho.

Em sua opinião, o mercado irá se auto-ajustar.

- O que vai acontecer é que provavelmente o mercado ficará mais regulado e não vamos assistir a uma diferença tão grande de preços entre os períodos de safra e entressafra. Se o preço aumentar muito mais, ficaremos sem mercado - diz.

De acordo com Pádua, o preço do álcool corresponde a 54% do valor da gasolina em São Paulo. Especialistas defendem que o uso do derivado da cana-de-açúcar só é vantajoso caso ele custe até 70% do preço da gasolina, já que seu rendimento é menor.

Os consumidores, no entanto, ainda não sentiram qualquer reajuste. Pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) feita nas quatro últimas semanas mostram que os valores cobrados nas bombas vêm caindo na média nacional.

Na semana passada, a queda foi de 0,12% no paísl, quando o álcool foi vendido a R$ 1,596 o litro, contra R$ 1,598 nos sete dias anteriores.

A pesquisa da ANP também não apontou variação de preço nas distribuidoras, onde o valor do litro do álcool caiu 0,14%, de R$ 1,393 para R$ 1,391, na mesma comparação.

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