Bruxelas e Lisboa - O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, que renunciou ao cargo na quarta-feira, afirmou ontem que o país continua sendo capaz de se financiar nos mercados e vai cumprir todas as metas orçamentárias, independentemente de quem irá formar o novo governo. No entanto, autoridades europeias acreditam que, mais cedo ou mais tarde, o país terá de pedir socorro.
"Portugal não precisa de ajuda externa. O que nós precisamos é de confiança da União Europeia, que reconhecidamente se enfraqueceu desde quarta-feira", disse Sócrates após a cúpula da UE, encerrada ontem em Bruxelas. Quando perguntando se o governo tem caixa para reembolsar 4,23 bilhões de euros em dívidas com vencimento em abril, Sócrates afirmou que "o país tem todas as condições de se autofinanciar".
"Nós garantimos aos nossos parceiros da União Europeia que todas as metas de orçamento que temos serão cumpridas, independentemente de quem governará o país", disse Sócrates.
Dívidas
Portugal acredita que poderá sustentar a crise fiscal sem um aporte de recursos da União Europeia e FMI até junho, quando um novo governo deverá assumir o poder. O atual governo acredita que poderá tomar recursos emprestados, a taxas elevadas, para pagar os bônus de dívida que vencem em abril, disseram duas autoridades sêniores de governos da zona do euro ontem.
Mas é praticamente unânime, entre os governantes da região, que um pacote de ajuda de 80 bilhões de euros a Portugal será inevitável. Uma das autoridades observou que a União Europeia e o FMI já trabalharam em uma ajuda para Portugal e que, quando requisitada, poderá ser fechada em dias. "Toda a zona do euro, incluindo Portugal, está convencida de que uma ajuda é o único desfecho. Mas nenhum político em Portugal quer ser o responsável por pedir ajuda antes das eleições nacionais", disse uma autoridade europeia para a agência Dow Jones.
Sócrates renunciou depois que a oposição rejeitou um plano de austeridade proposto pelo governo. Enquanto o próximo governo não é eleito, Sócrates vai atuar como primeiro-ministro interino.
Megafundo
A reunião de líderes da UE terminou com a decisão de criar um fundo permanente de resgate para os países em crise a partir de 2013. O fundo, que será criado com a promessa de funcionar como mecanismo permanente de socorro, terá 500 bilhões de euros. O capital total do fundo será de 700 bilhões. O valor acima da capacidade de empréstimo tem o objetivo de garantir a nota máxima das agências de classificação de risco, para que consiga oferecer financiamento a baixas taxas de juros.
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