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Após o tombo da Petrobras no ranking das petroleiras mais lucrativas do mundo, a presidente da estatal, Magda Chambriard, negou qualquer interferência do governo Lula nas decisões tomadas por ela ao longo de 2024.
"Desde que assumi a Petrobras, em maio de 2024, eu e a diretoria temos tido total liberdade para gerir a empresa e tomar as decisões da forma que entendemos serem mais eficazes para a saúde financeira e o desenvolvimento da companhia", afirmou Chambriard em entrevista à Folha de São Paulo, neste sábado (8).
A Petrobras encerrou 2024 como a 7ª petroleira mais lucrativa do mundo entre as companhias de capital aberto do setor, alcançando sua pior posição no ranking desde 2019. O lucro da estatal brasileira foi de US$ 7,2 bilhões no último ano, representando uma queda de 69,7% em relação a 2023.
A Petrobras também perdeu o posto de segunda maior petroleira estatal, posição que manteve nos últimos seis anos, quando ficava atrás apenas da Saudi Aramco. Em 2024, foi superada pela norueguesa Equinor.
A gestão de Magda Chambriard atribuiu a queda nos lucros à antecipação de investimentos. A Petrobras encerrou 2024 com uma despesa de capital de US$ 16,6 bilhões, ultrapassando o guidance (previsto) estipulado, que era de US$ 14 bilhões.
De acordo com a presidente da estatal, a decisão de antecipar os investimentos vai gerar valor real à companhia.
À Folha, Chambriard disse que, se pudesse, a estatal anteciparia investimentos em mais plataformas, mas não tem expectativa de repetir o mesmo volume de investimentos em 2025.
Outro fator que impactou no resultado negativo do primeiro ano da gestão de Chambriard foi a adesão ao edital de contencioso tributário, que encerrou disputas judiciais, além da variação cambial em dívidas com subsidiárias no exterior. Segundo cálculos da empresa, sem esses fatores, o lucro teria sido de aproximadamente US$ 18,7 bilhões.
"O governo não toma decisões pela companhia"
Questionada sobre eventual interferência do governo Lula nas decisões da Petrobras, Chambriard disse que existem interesses comuns entre a estratégia empresarial da companhia e políticas públicas do governo, mas “o governo não toma decisões pela companhia.”
Como exemplos de interesses comuns, a presidente da Petrobras citou os incentivos à indústria naval, propagada por Lula em seus primeiros mandatos, mas que entrou em crise com a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
"É uma iniciativa ganha-ganha: o governo vê prosperar seu desejo de reativar a indústria naval e offshore nacional, e a Petrobras tem como benefício o acesso a um mercado fornecedor próximo às suas operações, o que nos traz benefícios de custo, logística e para acompanhamento das obras", afirmou Chambriard.
"O Estado brasileiro deseja uma Petrobras saudável e rentável, assim como nós desejamos. Aí está nosso interesse comum", continuou.
Ainda, de acordo com Chambriard, a Petrobras conseguiu “abrasileirar” os preços dos combustíveis. A mudança na política de preços da estatal foi uma promessa de campanha do presidente Lula.
"Nós conseguimos abrasileirar os preços dos combustíveis. Tínhamos o objetivo de não repassar para os consumidores a volatilidade dos preços internacionais do petróleo nem a flutuação do câmbio e praticar, ao mesmo tempo, preços competitivos. Acredito que alcançamos esse objetivo", afirmou.
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