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Mercado de trabalho formal mostrou resistência nos primeiros meses do ano.
Mercado de trabalho formal mostrou resistência nos primeiros meses do ano.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de "prévia do PIB", surpreendeu em fevereiro. Houve alta de 3,32% sobre janeiro, segundo o BC, na comparação com ajuste sazonal.

O índice, divulgado nesta sexta-feira (28), ficou bem acima das expectativas. A mediana das projeções coletadas pelo serviço ValorData, por exemplo, era de 1,2%, com apostas variando de -0,15% a 2%. A gestora de recursos Infinity Asset projetava alta de 1,3%. O departamento econômico do Bradesco, mais otimista, apostava em 2,6%.

Na série com ajuste sazonal, o nível de atividade medido pelo BC em fevereiro foi o mais alto desde março de 2014. Vale ressaltar que o indicador costuma passar por revisões nos meses seguintes. E, embora seja tratado como prévia do PIB, usa metodologia própria e menos abrangente.

Ainda de acordo com o BC, o índice de atividade variou 2,76% sobre fevereiro de 2022; 2,87% no acumulado do primeiro bimestre, em relação a igual período do ano passado; e 3,08% no acumulado de 12 meses.

O dado do IBC-Br vem em linha com indicadores positivos dos primeiros meses do ano divulgados nos últimos dias, como o bom desempenho do setor de serviços e do mercado de trabalho formal.

Em março, segundo o Ministério do Trabalho, o país gerou pouco mais de 195 mil vagas com carteira assinada, o dobro da mediana das expectativas. Por outro lado, a pesquisa Pnad Contínua do IBGE, que calcula o desempenho de todos os tipos de ocupação, inclusive informais, apontou para queda no total de ocupados e aumento do desemprego.

Bradesco cita "surpresas de curto prazo" para elevar projeção do PIB

Nesta sexta, o Bradesco disse ter elevado de 1,5% para 1,8% sua projeção para o crescimento econômico de 2023. Relatório do departamento econômico do banco atribuiu a revisão a "surpresas de curto prazo".

"Os dados de atividade de janeiro e fevereiro surpreenderam positivamente, sugerindo um consumo ainda elevado no início do ano. O mercado de trabalho permanece aquecido, com consequente sustentação da massa de rendimentos, impulsionando as vendas do varejo e os serviços. Ao mesmo tempo, o PIB agropecuário deve ser ainda mais forte do que prevíamos anteriormente", diz o texto.

Na quinta-feira (27), a XP Investimentos informou que seu "tracker" para o crescimento do PIB no primeiro trimestre subiu de 0,8% para 0,95%, na comparação com o último trimestre de 2022. Nesta sexta, Rodolfo Margato, economista da corretora, indicou viés de alta para sua projeção de crescimento econômico em 2023, atualmente em 1%.

"A forte expansão de setores menos sensíveis ao ciclo econômico (agropecuária e extrativa Mineral), a resiliência do mercado de trabalho e a maior renda disponível às famílias (destaque para as transferências do governo) fornecem suporte à atividade econômica no curto prazo", apontou Margato em relatório.

As boas notícias no campo da atividade, porém, têm um efeito colateral. Para muitos economistas, elas podem manter a inflação mais resistente, dificultando assim uma queda na taxa básica de juros (Selic).

Apesar disso, os economistas do Bradesco dizem que a taxa de câmbio – menor que a projetada anteriormente – pode compensar o efeito da atividade econômica sobre a inflação. "Além da redução do câmbio estimado, o cenário mais favorável para as commodities agropecuárias nos levou a projetar uma desaceleração mais intensa da inflação de alimentos", afirmaram.

O banco prevê que a inflação medida pelo IPCA será de 6,2% em 2023 e 4% em 2024 – as medianas das expectativas do mercado para esses índices são de 6,04 e 4,18%, respectivamente.

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