• Carregando...

O retorno do ouro como reserva de valor tem um jeito de volta ao passado. Ele foi usado como principal meio para realização de trocas durante séculos e foi o precursor do dinheiro em papel. Antes de existirem os bancos centrais, as pessoas depositavam o ouro em uma casa bancária e usavam recibos de depósitos para fazer suas transações. O sistema evoluiu para o modelo de banco central quando os governos perceberam que havia instabilidade no mercado provocada pela emissão de papéis em volume maior do que o guardado nos cofres.

Até o fim da Primeira Guerra Mundial, a estabilidade do sistema monetário internacional foi mantida graças a uma relação entre o dinheiro emitido e o ouro dos bancos centrais. O chamado padrão-ouro praticamente ruiu no período entre as guerras e foi reconstruído pelo acordo de Bretton Woods, em 1944, com uma particularidade: o dólar passou a ser o lastro de outras moedas, enquanto ele expressava um valor em ouro. Sem condições políticas de manter a paridade com o metal, os EUA largaram o sistema no início dos anos 70.

Desde então, o que mais vale para manter a estabilidade das moedas é a palavra dos banqueiros centrais. Quando suas políticas são consistentes na preservação do valor do dinheiro – leia-se, no controle da inflação – a tendência é de que o valor da moeda seja de fato mantido em forma de poder de compra. A vantagem de se dispensar o padrão-ouro é que a emissão de moeda não fica mais limitada ao volume de metal existente no mundo – que, aliás, é limitado e aumenta lentamente. Com isso, os bancos centrais podem dar liquidez ao mercado de acordo com o crescimento econômico, e não seguindo a produção de ouro.

Volatilidade

A criação de moeda sem lastro, porém, tem o efeito de aumentar a volatilidade cambial no sistema financeiro internacional. "Um padrão baseado no ouro funciona como um controle sobre as oscilações nos preços das moedas. Por isso vimos mais instabilidade financeira após a década de 70", diz o economista Fernando Ferrari Filho, da UFRGS. "Agora a discussão é sobre como estabelecer regras que aumentem a estabilidade do sistema, evitando flutuações abruptas."

Outro problema da falta de um padrão global para o câmbio é a convivência de modelos diferentes. Alguns países, entre eles o Brasil, adotam taxas flexíveis, que oscilam de acordo com as condições de mercado. Outras nações manipulam os valores de conversão de suas moedas. O caso mais emblemático dessa categoria é a China, que mantém sua moeda atrelada ao dólar e vem sendo pressionada a flexibilizar o câmbio.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]