
O boicote dos médicos aos planos de saúde, realizado ontem, não teve adesão total da categoria em Curitiba e não chegou a afetar a rotina dos serviços de urgência e emergência dos principais hospitais que atendem planos na capital paranaense. Nacionalmente, segundo a Associação Médica Brasileira, 23 estados e o Distrito Federal participaram da paralisação: em nove, entre eles o Paraná, todas as operadoras regionais foram atingidas; em 15 estados, planos específicos foram escolhidos como alvo. Por aqui, a única exceção ficou com as 22 Unimeds do estado, que, por pertencerem aos próprios médicos, terão outro tipo de negociação, por meio de assembleias internas que ainda não foram convocadas pela categoria.
Na terça-feira, véspera da suspensão, representantes da Amil, Fundação Copel e Furnas procuraram a Comissão Estadual de Honorários Médicos, que inclui representantes da Associação Médica do Paraná (AMP), Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) e Sindicato dos Médicos (Simepar), retomando as negociações, mas sem nenhum resultado concreto. A primeira paralisação deste tipo ocorreu em 7 de abril. Nos últimos seis meses, a estimativa da AMP é de que 2 mil médicos tenham deixado um ou mais planos de saúde no estado. As entidades alegam que, enquanto o faturamento das operadoras subiu 49% desde 2006, no mesmo período o número de clientes de planos cresceu 21% e o reajuste no valor médio das consultas não passou de 21%.
Adesão
A AMB fala em 80% de adesão dos cerca de 330 mil médicos do país. A AMP estima que 90% dos quase 11 mil médicos do estado que atendem planos tenham participado. De mais de 30 consultórios e clínicas procurados, aleatoriamente, pela Gazeta do Povo, ontem, no entanto, 19 estavam atendendo normalmente os convênios e apenas nove tinham remarcado consultas e estavam atendendo os pacientes particulares seis consultórios não atenderam ao telefone. Os médicos que estavam trabalhando não quiseram falar com a reportagem.
A paralisação também não chegou a afetar os atendimentos de urgência e emergência dos principais hospitais que atendem planos de saúde de Curitiba. Nos hospitais Vita, Santa Cruz, Evangélico, São Vicente e Cajuru o número de pacientes durante o dia ficou dentro da média.
Algumas especialidades agiram de forma mais articulada. Entre os endocrinologistas, cerca de 50% dos 165 atuantes em Curitiba aderiram à paralisação, segundo a presidente da sociedade paranaense da especialidade, Gisah Amaral de Carvalho. Cerca de 80% das clínicas de fraturas da cidade também fecharam. "Além do reajuste, pedimos menos interferência dos convênios nas nossas requisições de exames, próteses e órteses", diz o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia do Paraná, Marco Antônio Pedroni.
Colaborou Ana Carolina Nery
Serviço
Dúvidas e reclamações podem ser feitas pelo Disque ANS (0800-7019656). A Promotoria de Defesa do Consumidor de Curitiba, do Ministério Público do Paraná, pede que qualquer cobrança indevida por parte dos médicos ou outra irregularidade seja comunicada: (41) 3250-4912, consumidor@mp.pr.gov.br ou pessoalmente, na Avenida Marechal Floriano Peixoto, 1.251, Curitiba.



