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Próximo passo: crédito consciente

Para economista, cabe às instituições financeiras orientar o consumidor a fazer uso adequado do dinheiro

Etchegoyen, da Cetelem Brasil: endividamento cresce no mesmo ritmo do aumento da renda | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Etchegoyen, da Cetelem Brasil: endividamento cresce no mesmo ritmo do aumento da renda (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo)

Após registrar crescimento recorde na concessão de crédito no Brasil – com expansão de até 70% ao ano no consignado e quase 30% no financiamento de imóveis –, a indústria financeira terá o desafio de trabalhar com o conceito de "crédito consciente" nos próximos cinco anos, na opinião do diretor-geral da Cetelem Brasil, braço financeiro do grupo BNP Paribas, o economista Marcos Etchegoyen.

"O grande desafio do setor é dar condições para que as pessoas que contraíram superendividamento possam voltar a consumir, mas de forma consciente. As instituições financeiras devem ser o carro chefe [deste processo]. É isso que temos que fazer nos próximos cinco anos", diz o diretor, que na última terça-feira participou do Papo de Mercado, evento promovido pelo caderno de Economia da Gazeta do Povo.

Etchegoyen entende, no entanto, que o endividamento da população vem crescendo no mesmo ritmo dos salários, o que por si só afasta o risco de se estar criando uma "bolha" financeira no Brasil. "A expansão do crédito não vem de novos endividamentos e sim da inclusão de quem antes não consumia, e vem crescendo baseada na expansão do emprego e da renda."

Etchegoyen defende que, para o setor financeiro, não é interessante que a nova classe média brasileira esteja endividada. "Não queremos uma população que só pensa em consumir. Mas, sobretudo, que saiba fazer o equilíbrio entre consumir para poder agregar qualidade de vida e também poupar para poder pensar no seu futuro", diz. "Se o crédito é a antecipação na hora de realizar um sonho, a poupança é a antecipação do futuro na hora de garantir uma vida melhor."

O diretor geral da Cetelem acredita que o processo de "amadurecimento" do consumidor, por meio do estímulo ao consumo do crédito consciente, pode ajudar as pessoas na tomada de decisão correta para evitar o superendividamento. Etche­goyen reconhece que as taxas de juros brasileiras são altas, mas lembra que é possível financiar um carro com juro de cerca de 1,4% ao ano, ou um imóvel com até 5,5% – níveis que considera bastante razoáveis. "O consumidor superendividado pode refinanciar sua dívida com taxas entre 2% e 3%", diz. "Os juros cobrados por empréstimos no cheque especial e no rotativo do cartão de crédito são, de longe, os mais altos, justamente por representarem maior risco. Este é um tipo de dinheiro que não deve ser emprestado num prazo maior do que dois ou três dias e não pode, em hipótese alguma, ser considerado parte da renda familiar."

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