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Entrevista

“Publicidade precisa entender que consumidor agora é crítico”

Juan Pablo Manazza, diretor de criação da agência Wunderman

“O futuro digital, tal qual o vejo hoje, é uma cabeça publicitária criativa (com tudo o que isso significa) aplicada aos meios digitais. Essa é a combinação vencedora.”
Juan Pablo Manazza, diretor de criação da agência Wunderman | Divulgação
“O futuro digital, tal qual o vejo hoje, é uma cabeça publicitária criativa (com tudo o que isso significa) aplicada aos meios digitais. Essa é a combinação vencedora.” Juan Pablo Manazza, diretor de criação da agência Wunderman (Foto: Divulgação)

O "novo consumidor" e os caminhos para "agarrá-lo" serão debatidos na próxima quinta-feira, no relançamento do Workchopp, tradicional evento promovido pelo Clube de Criação do Paraná (CCPR). O convidado do evento é o publicitário argentino Juan Pablo Manazza, diretor de criação da agência Wunderman, uma das mais importantes da Argentina. Manazza define a criatividade como "fazer com que as pessoas tirem a bunda da cadeira para fazer o que eu lhes pedir para fazer". Desde a sua chegada à Wunderman, em 2003, a agência levou o prêmio Argentina Promocional por 6 anos consecutivos, além de ganhar outros troféus locais e internacionais. Hoje, atende clientes como Microsoft, Nokia, Diageo, Dell e Coca Cola. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, o diretor fala sobre esse novo consumidor e sobre como o mercado publicitário está aprendendo a lidar com as novas mídias.

Como o senhor define este "no­vo consumidor", tema da sua palestra?

Somos todos filhos da internet. E as crianças que nasceram há 16 anos, que ainda são menores, são chamados "multitaskers", capazes de fazer várias operações digitais ao mesmo tempo e bem. Isso significa que seu foco de atenção está disperso em múltiplas telas. Então, a grande questão é: como podemos agarrá-los? Não há dúvida de que é através dos meios digitais em sua totalidade, não apenas na internet.

É mais difícil fazer publicidade para este consumidor, cercado de mais canais de informação e que não é só receptor, mas produtor de conteúdo?

Não ficou mais difícil criar anúncios. Mas, é preciso aproveitar a criatividade publicitária para gerar campanhas mais amplas, que abranjam todos os pontos de contato com os quais este consumidor se comunica diariamente. Acredito que, além de se transformarem em geradores de conteúdo, o mais importante é que se transformaram em críticos. O famoso "word of mouth" deixou de acontecer entre vizinhos e passou a ocorrer em redes sociais completas. Basicamente, estão falando de nossas marcas e nós não podemos fazer nada. É sabido que nos meios digitais as pessoas acreditam mais em um cunhado do que em uma empresa com suas promessas publicitárias.

Especialistas dizem que vivemos na "Era do hiperconsumismo", mais rápido e em maior volume. Você concorda? Isso é bom para a publicidade?

Sim, com certeza. E, voltando novamente ao terreno digital, as empresas nos obrigam a consumir e a mudar constantemente. Por que devemos mudar de celular tantas vezes? Porque ele fica velho rapidamente, porque ficamos fora do mundo se não estamos conectados a um celular 3G, ou porque não conseguimos fazer funcionar os novos softwares em nossos PCs ou MACs e nossos televisores não estão preparados para HD, apenas para nomear 3 exemplos. Na verdade, eu não sei se é bom para a publicidade, mas tenho certeza que é ruim para o consumidor. Imagine o consumidor latino americano do terceiro mundo (ou seja, eu) – o primeiro mundo digital deu um salto quântico, e nós estamos ficando de fora.

O mercado publicitário já aprendeu a usar o "boom" das mídias sociais a ser favor?

Não, ainda está engatinhando. São muito poucos os que fazem as coisas direito e entendem o real significado das redes. O meio é novo, está vivo e como tal, cresce e evolui diariamente. O que serve hoje amanhã é velho. Por isso é preciso monitorá-lo diariamente.

Como você vê a ‘briga" das mídias tradicionais com as chamadas "novas mídias"? Há espaço para ambas? Em quais você apostaria?

Não existe uma "briga". São distintas visões conceituais de dois extremos. Os criativos 100% digitais pensam que o mundo vai mudar em 5 minutos e que tudo que é analógico é velho. E os criativos publicitários só pensam em comerciais de 30 segundos e que o digital é algo que ainda não explodiu. Neste momento, a realidade está exatamente no meio. Precisamos unir criatividade e tecnologia para gerar campanhas integradas que se completem. Que um bom comercial de tevê, uma boa peça gráfica ou um bom spot de rádio me direcionem a uma experiência digital incrível. Para finalizar, o futuro digital, tal qual o vejo hoje, é uma cabeça publicitária criativa (com tudo o que isso significa) aplicada aos meios digitais. Essa é a combinação vencedora.

SERVIÇO: Workchopp do Clube de Criação do Paraná (CCPR). quinta-feira, 04 de março, às 20h, no John Bull (Rua Mateus Leme, 2204).

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