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Tammy Fukuoka , da Dow, foi eleita a segunda melhor avaliador do país, no ranking 100 Open Startups de 2018. | Divulgação/Dow/
Tammy Fukuoka , da Dow, foi eleita a segunda melhor avaliador do país, no ranking 100 Open Startups de 2018.| Foto: Divulgação/Dow/

Avaliar uma startup não é das tarefas mais simples. Por vezes é como adivinhar o futuro: determinar o valor de uma empresa com base em seu potencial. Este é o trabalho do “avaliador de startups”, profissional por estimar o quão valioso um negócio é, criando parâmetros para o mercado. A Gazeta do Povo conversou com os dois melhores avaliadores do Brasil, para entender como funciona este trabalho.

A avaliação funciona como uma espécie de bússola: determina quanto uma startup vale hoje, mas leva em conta quanto ela pode vir a valer, no futuro. E serve como uma sinalização para o mercado do potencial que aquela empresa tem de crescer.

Por exemplo na hora de receber um investimento. Digamos que uma startup vá receber R$ 1 milhão. Se ela foi avaliada em R$ 2 milhões, provavelmente vai ter que abrir mão de metade de sua participação para receber o aporte.

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Agora, se a mesma empresa for avaliada em R$ 10 milhões, ela só precisa ceder 10% em troca deste mesmo R$ 1 milhão. Daí a tentação de muitos fundadores de startups de considerar que, quanto maior a cifra, melhor a avaliação.

Mas nem sempre é assim que funciona.

Além de enganar investidores, uma avaliação inflada pode prejudicar as próprias startups, que se vêem às voltas com cobranças por metas e resultados que elas ainda não estão preparadas para dar conta.

Por que é necessário avaliar as startups?

Mas a avaliação de startups — é mais comum o uso do termo no inglês: “valuation” — não se restringe à relação entre empresas e investidores.

A avaliação também é feita por grandes empresas que estão em busca de identificar oportunidades de negócios. Este é o trabalho de Tammy Fukuoka na Dow, companhia indústria química. Ela foi eleita a segunda melhor avaliador do país, no ranking 100 Open Startups.

“O valuation muitas vezes trabalha com um cálculo de quanto eu estou investindo e quanto vai retornar para a empresa. Muitas vezes isso se dá na figura de um aporte financeiro. Mas não necessariamente. As vezes nem o que eu busco e nem o que a startup quer [é um investimento]”, analisa.

Ela persegue o que chama de “value chain”: startups com capacidade de se conectar ao trabalho da Dow de uma forma que os dois lados saiam ganhando. Pode ser uma parceria em um projeto piloto que dará à startup a chancela de ter trabalhado com uma grande empresa; e à multinacional a experiência de inovar em algum pedaço da sua cadeia sem precisar dispendar milhões de reais do seu próprio setor de pesquisa e desenvolvimento.

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Como funciona o processo de avaliação de startup

Na Dow, o processo de avaliação tem como filtro as três áreas definidas pela multinacional como prioritárias: alimentação, consumo e infraestrutura. A tendência é que startups ligadas a estes setores entrem no radar da empresa.

A conexão com novos negócios é uma responsabilidade compartilhada. Funcionários de diversos setores (inclusive pesquisa e desenvolvimento, mas não só de lá) participam de eventos como maratonas de negócios e festivais de inovação.

Para encontrar os dados brutos das startups (como número de integrantes, fase do produto, se ela está legalmente constituida, se já recebeu investimentos) a empresa conta com o apoio de parceiros, como aceleradoras e o próprio 100 Open Startups.

Feita esta peneira, é feita uma análise de qual a melhor forma de se conectar com a startup. Se é pela contratação de um serviço; com um projeto piloto; ou com algum projeto de codesenvolvimento, levando a startup para dentro dos laboratórios da empresa.

“Se foi uma parceria de sucesso, conseguimos estruturar um business case para extrair valor disso”, explica Tammy. Ou seja, o valor da startup não existe “em si”, mas na relação de troca com a corporação.

O valor do empreendedor

Considerado o melhor avaliador do Brasil, no ranking da 100 Open Startups, Paulo Vinícius Costa credita aos líderes das empresas a maior responsabilidade pela valorização de uma startup.

“Os principais fundos de venture capital do mundo têm foco nas pessoas. Na capacidade de entrega e de inovação dos times que estão liderando”, argumenta Costa.

Em seu trabalho como gerente sênior de inovação da Accenture – considerada a empresa mais aberta para startups do país e uma das mantenedoras do Espaço Cubo Itaú, em São Paulo – , Costa também “terceiriza” a parte mais bruta da avaliação para terceiros.

“Temos conexão com os principais fundos de investimento, aceleradores, influenciadores que entendem do mercado de startups e o trabalho da Accenture. Então é uma troca: eles indicam as empresas do seu portfólio para que elas façam uma troca como uma empresa grande como a nossa”, explica.

Na prática, Costa não faz aquele garimpo inicial, de separar quem tem só uma “boa ideia na cabeça” das boas ideias de negócios. Até porque existem outros atores (como incubadoras e aceleradoras) especializadas neste trabalho.

O trabalho dele é identificar a importância de uma startup a partir das relações que ela pode estabelecer com a Accenture. E, principalmente, no valor que pode ofertar aos clientes da consultoria.

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