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Mercado financeiro

Recorde na Bolsa é puxado por brasileiros

Movimento reflete otimismo dos investidores do país. Estrangeiros esperam mais clareza em relação ao cenário político no Brasil

Investidores estrangeiros estão de olho na movimentação política no Brasil | Creative Commons/Pixabay
Investidores estrangeiros estão de olho na movimentação política no Brasil (Foto: Creative Commons/Pixabay)

 A Bolsa brasileira bateu, na segunda-feira, mais um recorde, com o Ibovespa superando os 89,5 mil pontos. Esse movimento reflete basicamente um otimismo dos investidores brasileiros, porque o estrangeiro continua com o pé atrás. Só no mês de outubro, os investidores de outros países retiraram R$ 6,2 bilhões da Bolsa. 

 Dois fatores explicam essa fuga: as incertezas quanto aos novos rumos da economia do País a partir do ano que vem e o cenário externo, mais avesso à tomada de riscos, que levou o investidor estrangeiro a buscar refúgio em outros mercados no mês passado. 

 O movimento indica uma reversão de tendência, que reflete em parte a definição das eleições no Brasil. Entre julho e setembro, a Bolsa registrou a entrada de R$ 10,2 bilhões em recursos de origem estrangeira. 

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 Outubro, porém, foi o segundo mês em que a Bolsa mais perdeu recursos estrangeiros este ano - atrás apenas de maio, quando o saldo foi negativo em R$ 8,4 bilhões. Naquele mês, os investimentos foram afetados pela greve dos caminhoneiros. 

 Apesar da postura mais desconfiada do investidor estrangeiro, a Bolsa tem tido desempenhos positivos, segurados pelo investidor local. No mesmo mês em que os estrangeiros retiraram mais de R$ 6 bilhões do mercado brasileiro, os aportes dos chamados investidores institucionais (seguradoras, fundos de pensão e de investimento, entre outros) tiveram saldo positivo de R$ 7 bilhões. 

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, bateu recorde nominal na segunda-feira e fechou o dia aos 89.598 pontos - alta de 1,33% ante o pregão anterior. O recorde anterior havia sido registrado em 1.º de novembro. Em um mês, a alta registrada do Ibovespa é de 8,84%. 

Visões diferentes

"O investidor local acha que tem uma visão melhor do mercado brasileiro do que quem olha de fora, mas muitas vezes é o contrário", diz o sócio-diretor da MacroSector, Fabio Silveira. "O País está muito estressado politicamente e quem está de fora consegue perceber com mais clareza que a nova equipe de governo tem um problema em sua origem: o futuro presidente tem um histórico intervencionista e o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, é um liberal de carteirinha." 

 Silveira avalia que, enquanto não ficar claro para o mercado qual será a dinâmica da economia brasileira a partir do ano que vem, o investidor estrangeiro vai permanecer desconfiado. "O cenário externo é complicado e todo mundo está tentando proteger seus investimentos." 

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 Já a perspectiva de Bolsonaro fazer um governo disposto a colocar reformas, como a da Previdência e tributária, em andamento, seria um fator de atração de capital estrangeiro, diz. 

 Para o economista-chefe da Spinelli, André Perfeito, o investidor local está mais confiante que o estrangeiro, por uma questão "passional". "É bom lembrar que o mercado era muito favorável à candidatura de Bolsonaro, pelas perspectivas de reformas e de uma política econômica mais liberal." 

 Ele acredita que o período até a posse pode ser marcado por mais declarações desencontradas, o que já serve para alimentar a desconfiança do investidor, mas o mercado deve mesmo se preocupar com o início do mandato. "Antes da posse, é normal haver ruídos." 

 Exterior 

 Nos últimos meses, o cenário externo também mudou drasticamente para o investidor, com aumento da aversão ao risco, avalia Luís Afonso Fernandes Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet). 

 "Há uma junção de fatores relevantes para o investidor, como os desdobramentos do Brexit e as eleições que irão renovar o Congresso dos EUA. Esses fatores reforçam a tendência de concentração de investimentos nas economias centrais."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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