
Do xampu à cama utilizada por um hóspede em Salvador, na Bahia, haverá um toque paranaense. O estado é o terceiro em participação na Equipotel, feira de equipamentos para hotelaria e gastronomia, que começa hoje em São Paulo. Com 19 expositores, o Paraná fica atrás apenas de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Entre móveis, porcelanas e outros produtos, há uma lista de 1,6 mil itens que um hotel precisa para se manter funcionando, com compras feitas em prazos de 24 horas a três anos. "É preciso ter um planejamento minucioso das necessidades do estabelecimento. Isso é feito em conjunto com diferentes áreas, como governança ou cozinha", diz Antonio Xavier Siqueira, presidente da Associação Brasileira dos Compradores para Hotéis e Restaurantes (Abracohr).
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Cliente exigente, a hotelaria segue manuais de padrões para adquirir produtos e serviços, principalmente no caso das redes internacionais. Especificações técnicas e de qualidade fazem parte dos critérios para ser admitido como fornecedor. "O hotel busca a maior produtividade, no menor espaço possível, com o melhor custo. Resistência e durabilidade são fundamentais", explica Rodrigo Tavares, da Rodriaço Metalúrgica, fabricante de cozinhas industriais. Isso faz com que o fornecedor também invista em tecnologia, bons materiais e otimização de recursos e processos produtivos. Há três anos, Tavares investiu R$ 3 milhões para readequar a linha de produção, que inclui balcões de inox e estações de gastronomia.
"Tivemos um bom retorno, com projetos vendidos para mais de 20 hotéis", diz. O parque fabril da Rodriaço vai dobrar até o fim de 2013, com a inauguração da nova unidade em Fazenda Rio Grande, de 22 mil metros quadrados.
A Germer, produtora de porcelanas finas instalada em Campo Largo, é uma das líderes na venda de louças e refratários para o mercado institucional. As peças precisam ser mais resistentes, com design adequado e material sem absorção de água. A empresa mantém convênios com as maiores escolas de gastronomia do país. Em troca do fornecimento das peças, recebe as impressões dos profissionais, o que ajuda a aperfeiçoar coleções e desenvolver novos produtos. "Fomos os primeiros a produzir a linha single food, de minicaçarolas, usados em coquetéis", cita Osvaldo Rangel Fazolani, diretor comercial da Germer.
Os colchões produzidos pela Móveis Gazin, de Douradina, no Noroeste do estado, também foram readaptados para os hotéis."A estrutura e a densidade da espuma foram reforçadas", conta Osmar Gazin, diretor comercial da empresa. Vender para hotel também exige planejamento do fornecedor. "As vendas são técnicas, cotadas hoje para serem efetivadas com prazos maiores", conta Gazin. Isso implica em um aprendizado importante na relação fornecedor-hoteleiro.
Feira completa 50 anos de edições anuais
A boa saúde das indústrias hoteleira e gastronônmica ajuda a realizar a Equipotel há 50 anos. Com mais de 1.400 empresas de 62 segmentos de fornecedores, este ano o evento pretende movimentar 20% dos R$ 20,5 bilhões de negócios anuais fechados nas duas áreas.
O calculo é feito sobre o patrimônio instalado. Hoje, o Brasil tem 30 mil meios de hospedagem, em um valor projetado de R$ 75 bilhões. Na área de alimentação fora de casa são mais 1,25 milhão de empresas estabelecidas, no valor de R$ 50 bilhões. A estimativa é que 15% desse total sejam investidos na manutenção do patrimônio, entre reformas e abastecimento. A conta ainda inclui a estimativa do Ministério do Turismo, que prevê a movimentação de R$ 5 bilhões a cada três anos em novos estabelecimentos. "Temos na feira 45% das empresas que compõem o PIB industrial nacional", explica o economista Marcelo Vital Brazil, diretor da Equipotel.
O bom momento do setor turístico, com investimentos no parque hoteleiro e construção de novas unidades, sinaliza um cenário promissor. "O calendário de eventos internacionais estimulou a reforma e a renovação dos estabelecimentos. A previsão é crescer até 50% em quatro anos", diz Vital Brazil.
Entre as necessidades mais urgentes, Vital Brazil cita os aparelhos eletrônicos e a renovação de software e hardware nas unidades hoteleiras. "Temos que trocar os aparelhos de tevê, por exemplo. Somente 30% dos hotéis mais antigos já têm telas planas", diz. Na área de tecnologia, a Dalcatech, de Curitiba, tem planos para abocanhar os hoteleiros. O sistema All Food, solução que faz a gestão integrada operacional, financeira e administrativa de restaurantes, bares e boates, vai ter uma versão light, para ser baixada on-line e operada por estabelecimentos menores. "Temos condições de integrar a solução de gestão para a hotelaria", diz Rogério Tombini, dono da empresa.
Economia | 3:46
A Realgem´s, localizada na Região Metropolitana de Curitiba, é especializada na produção de ammenities, aqueles brindes oferecidos pelos hotéis.



