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Bombas de diesel inativas na Região Metropolitana de Curitiba: postos de beira de estrada foram os mais prejudicados | Antônio Costa/ Gazeta do Povo
Bombas de diesel inativas na Região Metropolitana de Curitiba: postos de beira de estrada foram os mais prejudicados| Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo

Procurando explicações

Empresários fazem críticas a refinaria

Daniel Costa, do Jornal de Londrina, e Luiz Carlos da Cruz, correspondente em Cascavel

Ao longo do dia, proprietários de distribuidoras e de postos buscavam uma razão para a dificuldade em obter diesel. Em Londrina, o vice-presidente regional do Sindicombustíveis, Durval Garcia Junior, afirmou pela manhã que o problema era a substituição do diesel S1800 pelo S500, que fez com que as distribuidoras não conseguissem suprir toda a demanda. O primeiro vice-presidente estadual da entidade, Eldo Bortolini, disse que o setor negociava com a ANP a prorrogação na venda do diesel S1800.

No entanto, João Luiz Maschio, sócio da distribuidora Dip, em Cascavel (Oeste do estado), argumentou que a mudança do diesel S1800 para o S500 não poderia ser a vilã porque, mesmo no interior, 90% do diesel usado há algum tempo é o S500. Maschio culpa a Repar pela falta do combustível por ela não possuir estoque regulador. "Eles produzem hoje o que vão entregar no dia seguinte. Eu tenho 25 anos de petróleo e nunca aconteceu de estar tão desorganizado", diz. Para ele, a refinaria deveria ter um estoque regulador de pelo menos cinco dias.

Nos postos da Região Metropolitana de Curitiba, gerentes e representantes das distribuidoras chegaram a levantar a hipótese de problemas técnicos na Repar.

Colaborou Luiz Felipe Marques.

Tipos de diesel

Com o objetivo de fazer com que o país adote padrões menos poluentes do diesel, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) vem alterando os regulamentos da produção e comercialização dos tipos de diesel.

S1800

Com 1,8 mil partes por milhão (ppm) de enxofre em sua composição, este diesel é considerado extremamente poluente e seu uso vem sendo restringido no Brasil desde 2009. Até o fim de 2013, o S1800 será totalmente abolido no país.

S500

Menos poluente, este padrão foi adotado como intermediário à adoção de novos combustíveis. Atualmente, é o diesel mais utilizado no país. Em 1º de março, 311 municípios paranaenses onde o S1800 era permitido tiveram de adotar o S500.

S50

Provocou grandes mudanças para o setor no país. Em janeiro deste ano, todas as montadoras nacionais de ônibus e caminhões foram obrigadas a produzir modelos com motores adequados a este tipo de diesel. Sua venda ocorre desde 2009, mas neste ano ele chegou a todo o país.

S10

O menos poluente dos tipos de diesel, ainda não é vendido no Brasil, mas o objetivo da ANP é torná-lo obrigatório em todo o país até janeiro de 2013.

Um contingenciamento no fornecimento de óleo diesel na Refinaria Presidente Getulio Vargas (Repar), em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba), deixou partes do Paraná sem óleo diesel dos tipos S500 durante todo o dia de ontem. Os postos da RMC ficaram entre os mais prejudicados, em especial os localizados próximos a rodovias.

Em boa parte dos casos, em vez dos 45 mil litros recebidos em dias normais, os postos recebiam cerca de 5 mil litros do combustível. A previsão dos estabelecimentos visitados pela reportagem da Gazeta do Povo era de que o diesel S500 estocado já se esgotasse na noite de ontem – alguns postos informaram que também faltava o diesel do tipo S50. De acordo com a Petrobras, no entanto, a situação já começará a ser normalizada hoje.

Em nota à imprensa, a empresa afirmou que as dificuldades no abastecimento foram motivadas por um "contingenciamento no fornecimento" às distribuidoras e também por um período de alta demanda do combustível no mercado. Este cenário, segundo a Petrobras, teve origem na substituição de padrões do combustível. Com a mudança na última semana, a demanda pelo óleo e a "operação de novas má­­quinas e equipamentos" na refinaria teriam levado à opção por segurar os estoques.

No entanto, a possibilidade de substituição dos combustíveis nestas cidades já havia sido mencionada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em setembro de 2011. Ainda antes disso, em 2009, vários estados já tinham feito a troca dos padrões do diesel.

Interior

Em Cascavel, no Oeste, ainda não houve falta de óleo diesel porque os postos têm uma reserva estratégica para cinco dias, em média. No entanto, algumas distribuidoras já estavam com estoque zerado, como a Dip Petróleo, que distribui diariamente cerca de 200 mil litros de óleo para os postos da região.

Em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, o diesel S500 começou a faltar ontem à tarde em alguns postos. Em outros, o estoque deve durar até amanhã. Dos seis postos de uma rede da cidade, um deles, localizado às margens da BR-376, já estava sem diesel ontem à tarde. "Nos outros postos da rede, há combustível para mais três dias", disse o gerente Laércio Souza. Em outro estabelecimento, próximo à PR-151, houve fornecimento ontem. "[O combustível] Ainda vai dar para essa semana", comentou o gerente Jurandir Lucas Soares.

Colaboraram Luiz Carlos da Cruz, correspondente em Cascavel; e Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa.

Transporte público está assegurado

O diesel S500 também é utilizado na frota de ônibus do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana. De acordo com o diretor de Transporte da Urbs, Antônio Carlos Araújo, não há risco de que os ônibus deixem de circular por falta de combustível. Se o problema não for solucionado e persistir nos próximos dias, outro tipo de diesel será utilizado para abastecer os veículos. Neste caso, segundo ele, será usado o S50, que custa mais. Ainda assim, segundo a Urbs, não haveria impacto financeiro para a população.

Em Ponta Grossa, a Viação Campos Gerais tem combustível para hoje e amanhã. A empresa usa 20 mil litros diários nos 200 ônibus da frota, e a assessoria de imprensa informou que a empresa confia no compromisso de entrega das refinarias.

O problema de abastecimento também não deve afetar os ônibus do transporte coletivo de Londrina. Segundo o secretário do sindicato da categoria, Gil­dalmo Mendonça, as empresas trabalham com grandes estoques. Ele disse também que os fornecedores não comunicaram qualquer tipo de problema no abastecimento.

Colaboraram Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa; e Daniel Costa, do Jornal de Londrina.

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