
São Paulo - Zumbis. Criaturas que estão na fronteira entre a vida e a morte. Seres desprovidos de vontade própria que vivem para servir a uma fome incontrolável ou, muito pior, a algum maquiavélico bandido que, como um titereiro macabro, usa cadáveres como marionetes de carne putrefata.
A série de survival horror gênero de games que permite que o jogador vivencie uma situação extrema e lute para escapar dela mais famosa do planeta, Resident Evil, chega a seu clímax em sua quinta continuação. O roteiro faz uma espécie de paralelo entre a exploração e o assassinato de inocentes com o desenvolvimento de armamento biológico avançado. Guerras e disputas locais acabam anulando o Estado, o que dá margem para que organizações inescrupulosas se aproveitem do caos para lucrar.
É como no caso dos diamantes de sangue de Serra Leoa. Mas em vez de traficantes de pedras preciosas, o game mostra mercadores da morte e corporações farmacêuticas monstruosas que se alimentam de sofrimento e morte para prosperar. É assim que entram em cena os zumbis.
A jogabilidade é clássica de Resident Evil, seguindo a boa mudança que aconteceu no quarto game da série. O principal problema é a impossibilidade de mirar e andar ao mesmo tempo. Toda vez que precisa disparar, o jogador é obrigado a ficar vulnerável. Até existe a possibilidade de ficar escondido no cenário, mas é muito pouco para compensar o problema.
Em compensação, todos os combates e quebra-cabeças, características mais marcantes da série, podem ser compartilhados com um amigo, lado a lado na tela, ou via internet. Isso aliado à história consistente, que amarra as pontas soltas.
Houve uma polêmica enorme quando o game foi anunciado. Acusações descabidas de que era um jogo racista tomaram conta da internet, mesmo antes de uma demo ser mostrada. Com a demo, que saiu há algumas semanas, essas acusações ficaram ainda mais fortes. O fato é que Resident Evil 5 não tem absolutamente nada de racista.
O que acontece é que, por ter sua trama baseada na hipótese de que armas biológicas são testadas em populações carentes da África, obviamente a maioria das pessoas é negra. Racismo, não: realismo.
Para quem acompanhou a série desde o começo, ou pelo menos sabe dos acontecimentos que começaram em Racooon City, existe uma boa carga emocional no roteiro do jogo. Personagens perdidos voltam em lutas desesperadas, velhos oponentes retornam ainda piores e tudo colabora para o encerramento de ouro da série.



