Revolução YouTube completa dois anos

• 0

No dia 14 de fevereiro de 2005, os jovens Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim fundaram o site de vídeos YouTube, o mais popular de sua categoria. Em seu segundo aniversário, a página lançada oficialmente em dezembro de 2005 só tem a comemorar: foi comprada pelo Google no ano passado por US$ 1,65 bilhão, tornou-se referência no universo de vídeos on-line e ganhou o título de "melhor invenção do ano" na respeitada revista "Time", além de conquistar as marcas de 100 milhões de vídeos assistidos e 65 mil novos arquivos postados a cada dia.

O serviço é um dos principais ícones de uma tendência conhecida como Web 2.0, que também inclui páginas a Wikipedia e redes sociais como Orkut e MySpace. Essa onda leva ao extremo a idéia de colaboração on-line: os próprios internautas alimentam o YouTube com vídeos que são assistidos por outros usuários da web.

Quando descobriram o endereço, as pessoas entenderam que lá poderiam colocar absolutamente todo tipo de conteúdo: o bêbado na festa, o tutorial de uso do iPhone, as cenas picantes de Cicarelli, o projeto de ciência da escola, confidências e solos de guitarra, para citar alguns exemplos. Também contribuíram para a popularidade da página a organização dos arquivos por categoria e a exibição do conteúdo no formato streaming, que dispensa o download de arquivos.

Por isso, a "Time" afirmou, ao eleger o YouTube como invenção do ano, que a página conseguiu participar de três revoluções na internet. Primeiro, a transformação da produção de vídeos, possibilitada pela popularização das câmeras digitais (presentes em telefones celulares) e software de fácil uso. Segundo, a força que deu à chamada Web 2.0. Terceiro, pela revolução cultural que permite a qualquer pessoa do mundo divulgar na web, sem censura, aquilo que produziu.

Desde que começou a ganhar popularidade, no entanto, o YouTube vem causando polêmica relacionada a direitos autorais -- como os próprios internautas postam conteúdo, a página não tem controle sobre os vídeos disponíveis em seus arquivos. Desta forma, o site se protege de processos excluindo os vídeos protegidos quando isso é solicitado pelos detentores dos direitos autorais (casos de gravadoras e estúdios cinematográficos). Além disso, também fez parceria com diversas empresas de mídia, para ganhar o direito da exibição de seus vídeos.

Currículo

A história do site teve início em uma garagem de San Francisco (Califórnia, EUA). Lá, os três jovens com menos de 30 anos iniciaram a criação de um programa de computador para dividir vídeos com os amigos. Cerca de 20 meses depois, a invenção foi comprada pelo Google, que também começou em uma garagem de San Francisco, oito anos atrás.

Mesmo depois da aquisição, Hurley e Chen continuam trabalhando na empresa que criaram, assim como os outros funcionários da companhia (até o final do ano passado, eram 67 pessoas). Karim, por sua vez, deixou o YouTube meses antes da compra bilionária e foi em busca de uma carreira acadêmica, na Universidade de Standford.

Pela venda, Hurley e Chen dividirão ações avaliadas atualmente em cerca de US$ 650 milhões, informou o Google em documentos apresentados às autoridades norte-americanas na semana passada.

A idéia de criar a página para divulgação de vídeos surgiu por conta do inconveniente de compartilhar esses arquivos. "Estávamos em um jantar em janeiro de 2005, onde fizemos arquivos digitais. No dia seguinte, não conseguíamos enviá-los por e-mail e demoramos muito para colocá-los na internet. Pensamos que deveria haver uma forma mais fácil de fazer isso", afirmou Hurley, em entrevista à revista "Fortune".

Os três amigos trabalharam juntos na PayPal, uma empresa de pagamento e transferência de dinheiro via internet comprada em 2002 pelo site de comércio eletrônico eBay. Por conta desta experiência profissional, eles conheceram Roelof Botha, executivo da PayPal e parceiro do fundo de investimento Sequoia Capital, que investiu US$ 3,5 milhões no site de vídeos em novembro de 2005.