A Copel informou na tarde desta quinta-feira que iria repassar na íntegra o reajuste tarifário autorizado pela Aneel, que entra em vigor na próxima segunda-feira (24). Mas, em postagem no Facebook, o governador Beto Richa (PSDB) avisou que pediu a suspensão do aumento. "Acabo de falar com a diretoria da Copel e pedi que fosse suspenso o reajuste na tarifa de energia. Vamos conversar para que a Aneel reveja o percentual que ela autorizou", afirmou ele em seu perfil na rede social. Na segunda-feira (24), ele vai se reunir com a diretoria da Copel para definir se haverá ou não algum aumento.
Com base na variação de seus custos ao longo dos últimos 12 meses, a Copel havia solicitado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um reajuste de 12,1% neste ano. Ganhou até mais. A agência reguladora concedeu um aumento médio de 14,61% -- no caso das residências, a alta seria de 13,44%. À Gazeta do Povo, a Copel chegou a confirmar que aplicaria o aumento na íntegra. Mas, no fim da tarde, Richa avisou que cobraria explicações da diretoria da estatal e que o aumento estava suspenso.
Alta de custos
Em seu perfil no Facebook, Beto Richa afirmou que a Aneel estaria repassando os gastos do acionamento de termelétricas "para várias concessionárias de energia". Na verdade, o que a Aneel fez como faz todos os anos foi dar à Copel o direito de recuperar as despesas que a concessionária já teve com a compra de energia, inclusive das usinas térmicas. Se a estatal não aplicar o reajuste, vai absorver sozinha o aumento de custos.
Segundo a Aneel, a alta das despesas com a compra de energia teve impacto de oito pontos porcentuais no reajuste médio de 14,61%. Os custos subiram em parte pela alta do dólar, que encareceu a eletricidade comprada de Itaipu. Mas o principal fator de pressão veio do uso intensivo de termelétricas. Como a geração de energia térmica é mais cara, o gasto extra estimado por alguns especialistas em cerca de R$ 1 bilhão por mês é bancado inicialmente pelas distribuidoras e, depois, repassado aos consumidores.
Em algumas ocasiões do governo Requião, a estatal chegou a aplicar uma política de descontos para suavizar o impacto de reajustes muito elevados. Por limitar os lucros da empresa, a prática não caiu no gosto do mercado financeiro. A gestão atual, que tem um pesado plano de investimentos para tocar e pretende aumentar a distribuição de dividendos aos acionistas, já tinha sinalizado em outras ocasiões que não pretendia absorver os aumentos de custos.



