• Carregando...

O diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, disse no domingo que a rodada de Doha de negociações comerciais e a entrada da Rússia na OMC são duas coisas que podem ser realizadas.

"Precisamos de tração política, e os negociadores precisam ser instruídos a fazer todos os esforços possíveis", disse Lamy perante um fórum econômico em São Petersburgo. "Acredito que isso é factível, mas ainda não chegamos lá."

As declarações de Lamy reforçaram o clima de otimismo presente na cúpula do G8 na semana passada, na qual os líderes dos países mais ricos do mundo pediram que a longamente adiada rodada de negociações comerciais globais chegue a uma conclusão rápida.

Quatro potências comerciais -a União Européia, os EUA, a Índia e o Brasil- vão se reunir na Alemanha por cinco dias, a partir de 14 de junho, para buscar um avanço com relação a Doha.

A rodada foi iniciada em 2001 para fortalecer a participação no livre comércio dos países em desenvolvimento, mas vem se mostrando difícil chegar a acordos sobre produtos agrícolas e industriais.

A Rússia, que desde meados dos anos 1990 está em negociações para ingressar na OMC, é a maior economia mundial que ainda não pertence a esse clube. Suas negociações de entrada já estão adiantadas, mas vêm tropeçando no obstáculo de atritos com a União Européia.

Nova arquitetura

Discursando perante o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, o presidente russo Vladimir Putin acusou o Ocidente de defender o livre comércio apenas da boca para fora e disse que o mundo precisa de uma "nova arquitetura" para administrar as relações econômicas internacionais.

Lamy se solidarizou com ele, dizendo que a OMC precisa ser reformada para adequar-se melhor aos interesses de países em rápido crescimento, como Rússia e China.

"Esse sistema é OK? Não, precisamos modificá-lo, adaptá-lo e reformá-lo, porque ele foi criado num tempo em que o mundo era diferente," disse Lamy.

Comentando sobre o pedido de entrada da Rússia na OMC, Lamy disse que trata-se de "um desafio muito imediato, de curto prazo."

"Sem a Rússia, a OMC não é realmente a instituição multilateral que quer ser, e, sem pertencer à OMC, a Rússia não alcançou o capital de confiança em seu futuro de que precisa para seu desenvolvimento", disse ele.

Lamy reuniu-se com o ministro russo da Economia, German Gref, em São Petersburgo. Também estavam na cidade a representante comercial dos EUA, Susan Schwab, e o comissário comercial da União Européia, Peter Mandelson.

Este último disse que dois obstáculos chaves continuam a bloquear o ingresso da Rússia na OMC: a imposição por Moscou de tarifas de exportação sobre a madeira, e uma proibição imposta há um ano a importações de carne da Polônia, que desde 2004 é membro da UE.

"Esperamos que o governo possa retroceder das iniciativas que anunciou", disse Mandelson a jornalistas.

"Queremos a Rússia na OMC, com toda certeza."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]