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Fraude financeira

Rombo envolve cartões do PanAmericano

O presidente do BC revelou ontem que, além das operações de empréstimo, segmento de cartões de crédito também teve irregularidades

"É plausível se pensar que, para viabilizar recursos para pagamento de empréstimos, uma das medidas possa ser, certamente, a venda da participação acionária [do Grupo Silvio Santos] no banco." Henrique Meirelles, presidente do BC, indicando que o apresentador de tevê terá de vender o PanAmericano para saldar a dívida com o Fundo Garantidor de Crédito | Antonio Cruz/ABr
"É plausível se pensar que, para viabilizar recursos para pagamento de empréstimos, uma das medidas possa ser, certamente, a venda da participação acionária [do Grupo Silvio Santos] no banco." Henrique Meirelles, presidente do BC, indicando que o apresentador de tevê terá de vender o PanAmericano para saldar a dívida com o Fundo Garantidor de Crédito (Foto: Antonio Cruz/ABr)

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, revelou ontem que o rombo do Banco PanAmericano não envolve apenas as operações de crédito. Em audiência pública no Congresso Nacional, Meirelles afirmou que, além de problemas em carteiras de crédito (R$ 2,1 bilhões), também foram detectadas operações irregulares em cartões de crédito (R$ 400 milhões). O PanAmericano recebeu um aporte de R$ 2,5 bi­­lhões do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para cobrir o rombo.

Meirelles fez questão de ressaltar que BC agiu rapidamente, antes da entrada dos conselheiros e executivos da Caixa Econômica Federal na instituição. Caso contrário, a Caixa – que em dezembro de 2009 comprou 36,56% do total das ações do banco – também teria responsabilidade no rombo de R$ 2,5 bilhões. O presidente do BC reiterou que, no socorro ao PanAmericano, não foi usado "um centavo público" e não houve prejuízo para os depositantes.

Caso isolado

Ao ser questionado se a inconsistência vista na subsidiária de cartões do banco também envolveria outras instituições financeiras, Meirelles afirmou que "não há indícios disso". Segundo o diretor de fiscalização do BC, Alvir Hoffmann, não há detalhes sobre essas operações inconsistentes nos cartões, porque o problema de R$ 400 milhões foi declarado pela diretoria do PanAmericano, sem que o BC tenha detectado isso previamente. Mas, segundo fontes, o banco não teria repassado às bandeiras o pagamento das faturas feitas pelos portadores dos cartões.

Em entrevista após o fim da audiência, Meirelles disse que a investigação do BC não encontrou qualquer sinal de problemas semelhantes ao do PanAme­­ricano em outras instituições do mesmo segmento de pequeno e médio porte – mas fazendo a ressalva de que "nenhum BC do mundo pode garantir responsabilidades futuras".

Apesar de o BC só ter descoberto recentemente um problema que pode ter começado há quatro anos, Meirelles disse que a institui­ção agiu a tempo. "É muito raro uma situação na qual o Banco Central determina um problema a tempo, de maneira que possa ser resolvido dentro dos parâmetros fixados pela lei e das possibilidades do FGC."

O BC já comunicou ao Ministério Público Federal que encontrou indícios de fraude nas operações do PanAmericano – o que abre caminho para que os responsáveis possam eventualmente ser punidos criminalmente.

Silvio Santos

Para Meirelles, o grupo de Sílvio Santos deve vender o PanAmericano para honrar suas dívidas com o FGC. Nos bastidores, no entanto, é esperado que o empresário terá de se desfazer não só do banco, mas de boa parte de seu patrimônio empresarial, menos o canal de tevê SBT.

O contrato fechado com o FGC teria uma cláusula obrigando a venda dos ativos, uma vez que não se espera que as empresas do grupo gerem caixa suficiente para honrar a dívida – ainda que esta tenha de ser paga em dez anos, com carência de três.

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