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Agência do Cruzeiro do Sul no Rio de Janeiro: maioria dos clientes são funcionários públicos | Ricardo Moraes / Reuters
Agência do Cruzeiro do Sul no Rio de Janeiro: maioria dos clientes são funcionários públicos| Foto: Ricardo Moraes / Reuters

Números

1,957 milhão de clientes têm conta no Banco Cruzeiro do Sul, de acordo com o balanço mais recente do banco. A maioria – 837,2 mil – são funcionários públicos. Os demais são aposentados pelo INSS (685,6 mil) e clientes de cartão de crédito consignado (434,5 mil).

O Banco Cruzeiro do Sul, da família Indio da Costa, sofreu intervenção do Banco Central sob suspeita de fraude contábil de R$ 1,3 bilhão envolvendo empréstimos que podem jamais ter existido. Na intervenção, os dirigentes foram afastados e tiveram seus bens bloqueados. Relativamente pequeno, o Cruzeiro do Sul detém 0,35% do total de depósitos do sistema financeiro brasileiro.

Pela primeira vez, o BC no­­meou como interventor o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), instituição criada para garantir as aplicações dos correntistas, mas que nos últimos anos vinha socorrendo instituições em dificuldades, como o PanAmericano.

No caso do Cruzeiro do Sul, a injeção de dinheiro se deu por meio da compra de fundos de investimento constituídos por empréstimos feitos pelo Cruzeiro do Sul – a maioria crédito consignado do INSS e de servidores, que têm baixa inadimplência.

O papel do Fundo Garan­tidor será tocar o dia a dia do banco, apurar a verdadeira situação contábil – o rombo deixou o banco com patrimônio negativo, impedido de fazer novos empréstimos – e prepará-lo para a venda.

"Não passamos a mão na cabeça de ninguém. Queremos organizar e sair o mais rápido possível. Vimos chance de minimizar os prejuízos", diz Antonio Carlos Bueno, diretor-executivo do FGC. Em todo caso, o banco não volta para Luis Octavio Indio da Costa, antigo controlador.

Se quebrasse, o FGC teria de cobrir prejuízo de R$ 2,2 bilhões – R$ 2,1 bilhões em CDBs de grandes investidores, vendidos com garantia integral, e R$ 100 milhões de pequenos investidores, com cobertura de até R$ 70 mil.

Segundo Celso Antunes, novo administrador, o banco segue normalmente suas atividades. Com exceção de alguns postos importantes, não há mudanças previstas no quadro de funcionários.

Os problemas contábeis foram descobertos há pouco mais de duas semanas pelo BC, que exigiu um aporte de recursos dos controladores ou a venda para outro banco. No fim de semana fracassaram as negociações com o BTG Pactual, de André Esteves, e o BC preferiu o caminho da intervenção.

Diferentemente do escândalo do PanAmericano, antigo banco do empresário Silvio Santos, no Cruzeiro do Sul as possíveis fraudes não estavam ligadas à venda de carteiras de financiamentos. O BC percebeu que não havia evidências de que alguns empréstimos registrados foram realmente concedidos.

Diante da situação, os interventores pediram à Bolsa que suspendesse a negociação das ações até que tenham um ideia melhor do rombo. Isso pode levar até 60 dias.

Nada muda para quem tem CDB ou fez empréstimo. Os interventores dizem que seguirão honrando todos os compromissos do banco, como o vencimento de aplicações ou mesmo pagamento antecipado de quem decidir interromper antes do prazo. Nada muda também para quem fez ou pretende fazer empréstimo consignado com desconto em folha.

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