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Equipes de resgate buscam vítimas na tragédia de Brumadinho | DOUGLAS MAGNO/AFP
Equipes de resgate buscam vítimas na tragédia de Brumadinho| Foto: DOUGLAS MAGNO/AFP

O rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), teve forte impacto nas ações da Vale, que caíram 24,52% no pregão desta segunda na B3. A empresa perdeu R$ 72 bilhões em valor de mercado.  O desempenho da mineradora arrastou o Ibovespa - o principal termômetro da bolsa paulista - para baixo. O índice caiu 2,29 %, fechando o dia a 95.443  pontos. A Vale responde por 10,9% do índice.

Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo apontam que o episódio pode afetar os fundamentos da Vale, principalmente por causa das multas e do bloqueio dos recursos da empresa. Até agora, a empresa recebeu R$ 350 milhões em multas do Ibama e da prefeitura de Brumadinho e teve R$ 11 bilhões bloqueados pela Justiça. O valor representa 45% do caixa disponível.

Segundo Lucas Lima, analista da Toro Investimentos:

Isto causa pressão sobre as disponibilidades de caixa da empresa, deve gerar grandes despesas para a empresa, afetando o lucro líquido. O perfil de bom pagador da empresa pode ser revisto.

Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, alerta para outra questão: a imagem da empresa. Acionistas nos Estados Unidos já estão entrando em contato com escritórios de advocacia para ver que tipos de ações podem ser realizadas contra a empresa. “E é inevitável que o mesmo ocorra no Brasil.” 

 Contudo, a Ativa Investimentos aponta que, no longo prazo, as perspectivas são favoráveis para o minério de ferro; a empresa tem como vantagem competitiva a produção de um minério de qualidade e há a perspectiva da participação dos minerais básicos dentro do resultado da companhia. 

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 O analista-chefe da Necton Corretora, Glauco Legat, avalia que depois da forte queda desta segunda, as ações da Vale devem ter forte volatilidade nos próximos dias. “O evento Brumadinho já está precificado pelo investidor.” 

Ele não projeta grandes impactos para as operações da empresa. A mina do Córrego do Feijão, onde ocorreu o rompimento da barragem, responde por cerca de 7% das operações da Vale. Mesmo o rompimento do ramal da ferrovia que atende às minas na região metropolitana de Belo Horizonte não é um complicador para a mineradora, diz. 

 “A produção da mina pode ser facilmente substituída por outras da empresa. O espaço que a mineradora tem para realocar a produção é grande”, ressalta.  

Bradespar cai mais

 Outro papel que foi impactado pelo episódio de Brumadinho é o da Bradespar, braço de investimentos do grupo Bradesco. Nesta segunda, os papéis da empresa caíram 25,16% na B3. A empresa tem uma participação de 6,3% na Vale. “Isto fez com que a Bradespar tivesse uma forte queda”, afirma Pedro Guilherme Lima, da Ativa Investimentos. 

O segundo maior acionista é o BNDES, com 7,60%. O principal acionista da Vale é o fundo Litel, que detém 19% das ações da mineradora e é controlado pelos fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ), Caixa (Funcef), Petros (Petrobras) e Cesp (empresa geradora de energia de São Paulo). 

Siderúrgicas afetadas

 Siderúrgicas que têm operações de mineração, como é o caso da CSN também foram impactadas negativamente. Os papéis recuaram 5,69% no pregão desta segunda. A empresa tem operações em Congonhas, a 90 km ao sul de Brumadinho. 

 Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo admitem a possibilidade de o governo promover um endurecimento no marco regulatório da mineração. “As regras e as licenças de operação mais rígidas podem afetar siderúrgicas/mineradoras de porte menor”, diz Lucas Lima, analista da Toro Investimentos. É o caso também da Usiminas, cujas ações recuaram 2,24% na segunda.

 Segundo Bandeira, um enrijecimento na concessão de licenças poderia implicar em custos de operação maiores para as empresas.

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