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Varejo

São José busca seus conterrâneos

Primeiro grande shopping center da região metropolitana de Curitiba ainda enfrenta concorrência da capital. Para especialistas, período de maturação é mesmo crítico

Fachada do Shopping São José: concorrentes a quilômetros de distância | Fotos: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Fachada do Shopping São José: concorrentes a quilômetros de distância (Foto: Fotos: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

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Região central de São José dos Pinhais: comércio de cidade pequena |

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Região central de São José dos Pinhais: comércio de cidade pequena

Único grande shopping de São José dos Pinhais e da região metropolitana de Curitiba, o São José tem seus concorrentes a pelo menos 12 quilômetros de distância. Muito longe, portanto, da chamada área de influência de um empreendimento – que considera um deslocamento de carro de, no máximo, 15 minutos. Bom para ele? Nem tanto. Os primeiros seis meses do shopping têm mostrado que o grande desafio da administração e dos lojistas é justamente fazer o são-joseense gostar da ideia de ter um shopping no quintal de casa, e abandonar o hábito de passear e fazer compras nos empreendimentos da capital.

"Tenho frequentado e gostei muito do shopping. Mas, para comprar mesmo, eu continuo indo ao Mueller." A frase é da designer de interiores Loriane Manika, moradora de São José dos Pinhais, mas também poderia ser de muitos de seus vizinhos. "O povo daqui gosta de ir para Curitiba, ver outras pessoas, circular na cidade e comprar lá", confirma o comerciante Adriano Derinievicz, diretor de assuntos do comércio da Associação Comercial e Industrial da cidade, a Aciap. Ele mesmo diz que frequenta há muito tempo um mesmo shopping da capital. "Não deixei de ir. Mas tenho frequentado aqui também", diz, garantindo que tem dado preferência ao São José como forma de incentivar o comércio local.

Em média, cerca de 13 mil pessoas circulam diariamente pelos corredores do São José. Um número, segundo a diretora de marketing Liana Soifer, dentro das expectativas do empreendedor, o Grupo Soifer, para esta fase. Ela diz que o shopping vai "muito bem", mas admite que tem pela frente o grande desafio de conquistar um público que, até pouco tempo, não tinha um shopping tão perto. "É uma mudança cultural mesmo. Alguns ouvem falar no São José e imaginam que é um shopping pequeno ou de descontos. Outros têm a impressão de que é caro", diz. "Mas somos um grande shopping, que se encaixa em qualquer outro lugar no Brasil."

Para o professor Eduardo Terra, diretor do Programa de Administração do Varejo, da Fundação Instituto de Administração (FIA), a população só vai mudar seus hábitos se o shopping realmente "mostrar que vale a pena". Para um primeiro shopping de uma cidade metropolitana, o primeiro ano é ainda mais crítico. "É uma quebra de paradigma, uma mudança de hábito. Se você se propõe a concorrer com os grandes, você precisa oferecer um diferencial. A localização é um motivo para as pessoas irem. Mas é preciso mais que isso."

Lojistas

Entre os lojistas, a opinião sobre a capacidade do shopping de realmente promover esta mudança de hábito, por enquanto, se divide. A sócia da rede Prata & Arte, Michelle Yan, diz que o movimento está bem abaixo da expectativa. "Há pouca gente circulando. Estamos vendendo a metade do esperado", diz a empresária, que abriu uma loja no shopping e outra na Rua XV, no Centro de São José dos Pinhais.

Outro comerciante, que prefere não se identificar, também reclama dos corredores vazios. "O shopping precisa ser mais enérgico no sentido de buscar a população de São José, fazer com que ela fique na cidade."

Para o franqueado da marca O Boticário na cidade, João Rocco, no entanto, o aumento no movimento é uma questão de tempo. "Criou-se o hábito de se deslocar até Curitiba. Mas o shopping tem um mix muito bom. Esse período de maturação é normal", defende.

Ex-funcionário público, o são-joseense Aldrian Matoso também não tem dúvidas de que, com o tempo, o empreendimento vai conquistar seus conterrâneos. "Morei a vida inteira aqui e sei o quanto o povo queria um shopping. Estamos em uma fase de conhecimento, mas acredito no empreendimento." Tanto que ele e a irmã investiram boa parte das suas economias no Jack Music Bar, inaugurado dentro do shopping há pouco mais de uma semana.

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