SC confirma interesse da Matte Leão

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O governo de Santa Catarina confirmou ontem que foi procurado, na última sexta-feira, pela direção da Leão Júnior, fabricante da marca Matte Leão, para conversar sobre a possível transferência da fábrica de chás secos que funciona hoje no bairro Rebouças, em Curitiba, para o estado vizinho. A informação foi antecipada pelo jornalista Reinaldo Bessa, na sua coluna de terça-feira da Gazeta do Povo. A Leão Júnior, que foi comprada em março deste ano pela Coca-Cola, precisará de uma nova fábrica, já que o imóvel onde funciona hoje a linha de chás em saquinhos não foi incluído na negociação com a multinacional norte-americana e continua pertencendo à família Leão. Especula-se que o espaço, que ocupa praticamente um quarteirão, já estaria sendo negociado pela família Leão para a instalação de um shopping center.

O investimento previsto para a instalação de uma nova fábrica de chás secos deverá ficar entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões, segundo estimativas do mercado. Caso não queira alugar o atual imóvel, a Leão Júnior terá de desocupá-lo até março de 2009. Procurada, a empresa informou, por meio de comunicado, que "não tem a intenção de transferir a sede da empresa, localizada hoje na cidade de Curitiba, para Santa Catarina".

A Matte Leão reafirma, no documento, que a sua intenção é manter as atividades operacionais e sede administrativa no Paraná, mas a secretaria da Fazenda de Santa Catarina confirmou que a empresa fez consultas sobre os incentivos fiscais oferecidos.

Durante uma reunião com o secretário de assuntos estratégicos de Santa Catarina, Alexandre Fernandes, em Florianópolis, representantes da Leão Júnior pediram informações sobre o o Programa de Desenvolvimento das Empresas Catarinenses (Prodec), o principal projeto de incentivos do estado.

Santa Catarina aprovou recentemente uma lei que amplia os benefícios do Prodec. O programa foi originalmente lançado em 1988, e tinha como principal medida a prorrogação do recolhimento de até 70% do ICMS por até quatro anos. Com a nova legislação, o porcentual de ICMS diferido pode chegar a 90% para municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Econômico (IDH). E sem juros.

Ao todo, 103 municípios se enquadram nesses benefícios, inclusive alguns situados no Planalto Norte catarinense, região ao redor do município de Canoinhas, que poderia ser um dos alvos para instalação da fábrica da Matte Leão.

Procurada, a secretaria da Fazenda do Paraná não comentou os incentivos fiscais oferecidos por Santa Catarina. O tema da guerra fiscal deve centralizar os debates da reunião do Conselho de Política Fazendária (Confaz), nessa semana, em Florianópolis.

Fundada há 106 anos, a Leão possui fábricas em Curitiba – onde está sua sede e é produzida a linha de chá seco –, no Rio de Janeiro – que faz a linha de chás prontos para consumo – e em Fernandes Pinheiro (PR). Entre os planos da empresa está a ampliação em 50% da capacidade da fábrica do Rio no final do ano que vem, com a compra de uma nova máquina, orçada em US$ 1 milhão.

A Matte Leão é líder no mercado de chás secos, que movimenta R$ 250 milhões por ano no Brasil, com 65,5% de participação em volume. Os chás em saquinhos respondem por 55% dos negócios, contra 45% da linha líquida. A empresa, que possui 800 empregados, também é líder em chás prontos para consumo – segmento no qual movimenta R$ 170 milhões por ano no país – com 42% de participação em volume, segundo dados da AC Nielsen.