Embora não seja o primeiro objetivo das empresas e produtores rurais paranaenses que utilizam da Ferroeste para escoar sua produção, o investimento em infraestrutura de carga, descarga e armazenamento e mesmo em vagões não é exatamente problema. O que eles precisam que a Ferroeste garanta mesmo, em um primeiro momento, é tração e malha com passagem liberada. "Hoje não tenho dúvidas de que os gargalos para o escoamento da produção do Oeste e do Sudoeste do Paraná serão resolvidos, simplesmente porque é necessário", constata o presidente da Cooperativa Agroindustral (Coopavel), com sede em Cascavel, Dilvo Grolli. Os investimentos privados estão acontecendo e são, talvez, a única parte dos planos de Beto Richa a caminhar.
Em abril de 2012, as cooperativas afiliadas à Cotriguaçu (C.Vale, Coopavel, Copacol e Lar) anunciaram R$ 50 milhões em investimentos na construção de um complexo logístico no terminal da Ferroeste de Cascavel, em uma área de 11,5 hectares ofertada pela empresa. Com a previsão de durar 18 meses, as obras darão lugar a câmaras frias para armazenar aves, suínos e bovinos, e também a um escritório, um pátio de estacionamento e um desvio ferroviário. Com o novo projeto de logística, as cooperativas esperam reduzir seus custos de U$ 1,7 mil para U$ 1,2 mil dólares por contêiner de 25 toneladas. Faz parte também dos planos a compra de 60 vagões próprios para o transporte da produção até Paranaguá como também para a recepção do fertilizante necessário para alimentar as plantações que sustentam o agronegócio paranaense. "Estamos investindo por necessidade do Oeste, para que o produtor daqui não ganhe menos que o do Norte apenas por uma questão logística."
No mesmo pátio, a AB Agrobrasil também está construindo uma estrutura para o transporte de soja, milho e, eventualmente, trigo sentido Paranaguá e fertilizantes, sentido Cascavel. Em contrapartida, a empresa se comprometeu em transportar pouco mais de 86 mil toneladas por ano pela ferrovia, no período de fevereiro a setembro volume facilmente alcançável e transportado em 2012, só que de caminhão. "A demanda não é problema. Podemos chegar a 300 mil toneladas com a produção aqui do Oeste do Paraná. O entrave está na falta de tração e de material rodante. Nenhum vagão ficou disponível para nós neste ano", relata o sócio-diretor da AB Agrobrasil Arney Antonio Frassan. Segundo ele, o produtor do Oeste do Paraná é penalizado em relação ao do Norte do estado pela falta de vagões em R$ 1 a R$ 2 a mais por saca. "Se construírem o ramal de Maracaju (MS) a Cascavel antes de resolver os gargalos de falta de frota e de linha de Guarapuava ao Porto de Paranaguá, vai ser um problema ainda maior."