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Heloisa Menezes, diretora técnica e presidente do Sebrae. | José Paulo Lacerda/Sebrae
Heloisa Menezes, diretora técnica e presidente do Sebrae.| Foto: José Paulo Lacerda/Sebrae

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) está ampliando sua atuação no fomento ao empreendedorismo brasileiro. Agora, o órgão passará a investir em fundos e em startups de três maneiras diferentes. Em uma primeira etapa, o serviço vai deixar o dinheiro na mão de investidores experientes em startups. A ideia é adquirir experiência antes de partir para uma estratégia mais agressiva.

Não é a primeira vez que o Sebrae atua investindo em empresas. Heloisa Menezes, diretora técnica e presidente do Sebrae, lembra que há 20 anos houve uma iniciativa nesse sentido. “Foi um processo, diria, meio descolado da nossa estratégia mais geral de atuação”. O cenário mudou: “Hoje, a grande diferença é que o Sebrae é um ator muito ativo, muito importante. Somos protagonistas”. Além disso, mudanças no mercado e uma alteração na legislação criaram as condições para que essas iniciativas fossem retomadas e ampliadas.

São três frentes de investimentos. Na mais avançada, que já conta com um edital aberto, o Sebrae investe em fundos especializados em startups alinhadas à sua missão. O edital prevê o aporte de R$ 45 milhões em cinco fundos a fim de viabilizar o acesso a capital a pequenos negócios com alto potencial de crescimento e que apresentem “soluções sinérgicas com projetos, atividades e ferramentas desenvolvidos ou apoiados pelo Sebrae”. Os fundos escolhidos devem ser anunciados no dia 29 de outubro.

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As outras frentes são o investimento direto na compra de ações de empresas, possibilidade aberta com a assinatura do Decreto 9.283/2018 pelo presidente Michel Temer, em fevereiro, e a criação de fundos próprios do Sebrae. Ambas ainda não têm previsão de começarem a ser exploradas.

“Vimos que o Sebrae ainda não tem a expertise adequada para gerir um fundo próprio”, explica Menezes. “Esse é um mercado com especificidades, precisa de profissionais que o conheçam [bem]”. Em relação aos investimentos diretos, ela diz que “é uma possibilidade muito recente” e que não há pressa para explorá-la.

Menezes diz que o Sebrae está passando por um processo interno de transformação digital que “consiste em reformular a maneira como se relaciona com os clientes e entrega valor”. Em um segundo momento desse processo, startups serão requisitadas para ajudar a fazer essa entrega de valor de uma maneira mais ágil e adequada. “É uma porta aberta bastante interessante para o Sebrae que, tendo participação em uma startup aderente à sua missão, poderá fazer esses serviços chegarem ao pequeno negócio de maneira mais ágil”, ressalta.

Fundos já constituídos

Diferente do edital de investimento em startups do BNDES, que disponibilizou R$ 40 milhões para uma gestora criar um fundo novo aos moldes do que foi definido pelo banco, o Sebrae busca fundos já estabelecidos. Ou seja, que já tenham sido aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para investimento no chamado “capital semente”, posterior ao investimento anjo, mas anterior a rodadas mais robustas do mercado de “venture capital”, especializado em startups.

Os investimentos devem ficar entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões, com aportes em etapas, realizados conforme o atingimento de metas. É possível que haja uma nova rodada de investimento em uma mesma empresa, desde que o total investido não ultrapasse 10% do capital comprometido do fundo. O fundo já deve ter captado pelo menos 25% do patrimônio comprometido alvo para início de suas atividades, e o Sebrae só pode ser responsável por, no máximo, 25% do capital total. Confira o edital com todas as regras.

Lacuna no mercado

Questionada do motivo dessa expansão na atuação do Sebrae, Heloisa Menezes, do Sebrae, justifica que há uma lacuna de investimentos em empresas na fase em que elas já têm um protótipo do produto, mas ainda carecem de recursos para escalar a produção.

“Em um momento de muita restrição ao acesso a recursos para as pequenas empresas”, diz, “é importante para o Sebrae cumprir esse papel, que complementa tudo o que a gente já tem feito no apoio a essas empresas. Além de oferecer gestão e informações, elementos que ajudam a empresa a ter contato com bancos e investidores, agora a gente assume um papel adicional, de oferecer [recursos]”.

Na mira do Sebrae para receber esses investimentos estão startups e scale ups que tenham potencial de crescimento rápido e que sejam inovadoras. “Não delimitamos o porte. Na nossa política, pode receber investimento até mesmo uma empresa individual, mas que pode crescer, que a gente enxerga que o negócio, que a ideia dela tem um grande potencial de crescimento se tiver esse investimento para apoiar”, diz Menezes.

A rede de apoio do Sebrae, que só nos últimos dois anos atendeu mais de 2 mil startups brasileiras, segue crescendo. Há relacionamentos firmados, também, com as chamadas scale ups, empresas mais maduras, com um produto definido e já em processo de crescimento acelerado.

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