• Carregando...
Secretário se encontra nesta quarta-feira com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro Paulo Guedes.
Secretário se encontra nesta quarta-feira com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro Paulo Guedes.| Foto: Wikimedia Commons

O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, disse que o Brasil precisa garantir que o tratado comercial do Mercosul com a União Europeia não traga embutidas “pílulas de veneno” que possam, depois, dificultar um acordo de comércio com os americanos. Essas armadilhas, segundo Ross, envolvem diferenças de padrões e regulações nos setores de automóveis, alimentos, farmacêuticos e químicos, além de questões sanitárias.

Ross fez o alerta durante encontro da Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo, nesta terça-feira (30). Na reunião, a Amcham, que representa mais de 5 mil empresas brasileiras e americanas, apresentou 10 propostas para uma “parceria mais ambiciosa”. Entre os pontos citados, está a conclusão de acordos de comércio e investimento, cooperação regulatória e apoio à inclusão do Brasil na OCDE. No mesmo dia, pela manhã, o presidente Trump havia afirmado que vai “trabalhar para um acordo comercial com o Brasil”. “É um grande parceiro comercial. Eles nos cobram muitas tarifas, mas apesar disso, nós amamos a relação”, disse.

No que depender da disposição brasileira, segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, o governo vai atuar para firmar um tratado mais “ambicioso e abrangente” possível com os EUA.

Troyjo lembrou que existem várias formas de acordos e parcerias comerciais possíveis, mas frisou que o governo brasileiro buscará um entendimento que inclua a retirada de tarifas e criação de cotas de importação com menos tributos. Para isso, o acordo teria de ser fechado via Mercosul, como foi o da União Europeia, anunciado no fim de junho.

Janela de oportunidade

Para integrantes do governo e do setor privado brasileiro, há uma janela preciosa que deveria ser aproveitada neste momento. Trump vê com bons olhos a aproximação e há tanto no Brasil como na Argentina, os mais influentes países do Mercosul, desejo de que o tema avance. No início do mês, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, falou publicamente sobre a intenção de firmar um acordo comercial com os americanos. No ano passado, em meio à sua agenda "América Primeiro", o governo Trump impôs tarifas sobre o aço e o alumínio ao Brasil e a outros países.

Os EUA foram o principal destino de exportações brasileiras de bens (US$ 28,7 bilhões em 2018) e de serviços (US$ 16 bilhões em 2017), de acordo com a Amcham. Já o Brasil está entre os dez maiores destinos de exportações de bens dos EUA no mundo (US$ 29 bilhões em 2018).

No final de junho, Trump e Bolsonaro se encontraram em Osaka, no Japão, três meses após visita oficial do presidente brasileiro aos EUA. Durante o encontro, Trump elogiou Bolsonaro.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) compartilha a visão de que o Brasil está diante de uma oportunidade única. Há anos a instituição apoia o lançamento de negociações com os EUA, país que mais importa produtos industrializados brasileiros e principal destino de multinacionais do Brasil.

“É a economia desenvolvida com que o Brasil tem mais complementaridade e integração. Por muito tempo o governo brasileiro não tinha interesse em ter relação mais próxima aos EUA, mas o setor privado tinha. A dinâmica de negócios então acabou se acelerando independentemente do governo”, diz Diego Bonomo, gerente executivo de Assuntos Internacionais da CNI.

Leia também: Acordo com União Europeia pressiona Mercosul a acelerar reformas internas

Mesmo no setor do agronegócio, onde Brasil e EUA competem no mercado internacional em diversos produtos, há interesse em abrir negociações. Segundo Ligia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), os EUA são o terceiro principal mercado para o setor e há pontos de convergência. “É um parceiro importante e vamos, sim, dar atenção especial”, afirmou.

Para Troyjo, negociações com os EUA também envolverão temas que podem avançar bilateralmente, sem a necessidade de aval do Mercosul, como facilitação de comércio, redução de barreiras não tarifárias, convergência regulatória, regras de propriedade intelectual, comércio eletrônico, aceitação de certificados de origem digitais e reconhecimento de operadores econômicos autorizados.

“O intercâmbio comercial entre Brasil e EUA está muito aquém do potencial. Um dos maiores desperdícios de oportunidade é o nível comparativamente pequeno de comércio com EUA, por isso que uma das prioridades para o Brasil é aumentar esse intercâmbio”, disse.

Nesta quarta-feira o secretário americano do Comércio deve se encontrar, em Brasília, com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]