
O investimento em títulos do governo através do Tesouro Direto está se popularizando de maneira acelerada. Somente em 2008, 42 mil investidores entraram no sistema em que compram diretamente os papéis da dívida pública. Por esse canal, foram vendidos R$ 1,55 bilhão em títulos, o dobro do volume negociado em 2007.
O Tesouro Direto é um sistema lançado em 2002 para que pequenos e médios investidores comprem papéis do setor público via internet. Na prática, o mecanismo é simples: você empresta suas economias para o governo, e em troca ele lhe devolve o valor com rendimento pré-fixado ou pós-fixado indexado à inflação ou à taxa básica de juros (Selic, hoje em 12,75% ao ano). O vencimento da aplicação varia de 6 meses a 36 anos.
O sistema tem participação expressiva de pequenos investidores: as operações com valores de até R$ 1 mil representaram 27,6% do volume negociado no ano passado; já as aplicações até R$ 5 mil concentraram 63,6% do total.
Para o coordenador do Tesouro Nacional e gerente de relacionamento institucional da dívida pública, André Proite, o aumento na procura está relacionado com a segurança da aplicação e com a maior divulgação do sistema que, para ele, vai continuar a crescer rapidamente. "Hoje no Brasil existem 27 milhões de usuários dos sistemas de home-banking, 500 mil operadores de home broker e 80 milhões de poupadores com caderneta de poupança. É um potencial imenso para ser explorado", aponta Proite.
Como investir
Para investir no Tesouro Direto é preciso ter uma conta de investimento em um agente de custódia que pode ser uma corretora ou um banco comercial habilitado. O investimento inicial parte de R$ 150 (fração de 20% de um título).
O rendimento da aplicação varia de acordo com as características do título escolhido, mas, na média, é considerado bastante competitivo se comparado com outras aplicações financeiras de renda fixa disponíveis no mercado. Além disso, as taxas de administração e de custódia são relativamente baixas e o Imposto de Renda sobre o investimento é cobrado apenas no momento da venda ou vencimento do título. Outro atrativo é a liquidez, já que há garantia de recompra do Tesouro Nacional.
A doutora em macroeconomia e professora de finanças do Isae/FGV Virene Roxo Matesco aponta uma outra vantagem "indireta" para quem investe no Tesouro Direto. "Ser credor do governo é bom não só do ponto de vista econômico, mas é também um exercício de cidadania. Quando se empresta para o governo, exige-se uma boa gestão fiscal. Isso tem um papel educativo e torna o investidor um coparticipante na gestão dos recursos públicos", avalia.
A especialista explica que o investimento é um meio-termo entre a alta volatilidade do mercado de ações e o conservadorismo com baixo rendimento da poupança. "O único risco é o de o governo quebrar, mas hoje a relação dívida/PIB é confortável e, além disso, o governo brasileiro se conscientizou de que moratória é discurso de administradores irresponsáveis."
Serviço
No site do Tesouro Direto (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto) há uma lista de agentes de custódia com as respectivas taxas praticadas que variam de 0% a 5% ao ano. Além disso, o site disponibiliza um simulador que calcula a possível rentabilidade dos títulos negociados.



