Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
contas públicas

Sem ajuste fiscal, país terá outra década perdida, diz Fiesp

Segundo a entidade, dívida pública poderia chegar a 167% do PIB até 2026

Federação lançou campanha nacional contra o aumento de impostos e agora passa a engrossar o coro pelo ajuste fiscal | José Cruz/Agência Brasil
Federação lançou campanha nacional contra o aumento de impostos e agora passa a engrossar o coro pelo ajuste fiscal (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Sem avançar nas principais reformas de ajuste fiscal — como o corte de gastos do governo no curto prazo, a aprovação da PEC do teto dos gastos do governo, reforma da previdência e redução dos juros —, os indicadores da economia brasileira vão piorar muito nos próximos anos e o Brasil teria mais uma década perdida em termos de crescimento econômico. A conclusão é de um estudo divulgado nesta segunda-feira (19) pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

De acordo com o estudo, sem reformas, a carga tributária, que atualmente está em torno de 33%, subiria a 44,5%, e o juro real atingiria 10% ao ano até 2026. O crescimento econômico, que seria retomado e poderia chegar a 4,8% em 2026, com as reformas, não passaria de 0,1% nos próximos anos, condenando o país a mais uma década perdida.

“Sem as reformas, nossa carga tributária, que já é a maior da América Latina e uma das maiores do mundo, subiria ainda mais e o juro real chegaria a 10%, o que dificilmente atrairia investimentos. E, em termos de crescimento do PIB, teríamos mais uma década perdida”, resumiu José Ricardo Roriz Coelho, vice presidente da Fiesp e diretor do departamento de competitividade.

Segundo o estudo, sem as reformas, a dívida pública, como proporção do PIB, chegaria a 167,4%, enquanto que com as reformas implementadas ela tende a ficar em 75% até 2026. Em julho passado, essa proporção estava em 69,5%.

Despesas x receitas

O estudo mostra que enquanto o PIB cresceu 48,7%, entre 2001 e 2015, as despesas do governo avançaram 128%, com as receitas avançando 85,1%. Até recentemente, a conta do descontrole do gasto fechava com o crescimento das receitas, mas estas começaram a declinar ainda no final do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, quando a economia brasileira perdeu fôlego.

Roriz observou que somente a aprovação do teto dos gastos do governo não será suficiente para o ajuste fiscal e para reduzir os gastos do governo. Isso porque as despesas obrigatórias continuarão crescendo, entre elas a Previdência. Segundo o estudo, sem um reforma, a Previdência passará de 41% para 52% do total da despesa do governo entre 2016 e 2022.

O estudo afirma ainda que é necessária uma redução da taxa básica de juros antes mesmo das reformas. De acordo com o levantamento, em janeiro deste ano a inflação oficial estava em 10,7% enquanto a Selic era de 14,25%.

“Em julho, enquanto a inflação está em 8,7% a Selic permanece em 14,25%. Ou seja, em termos reais, os juros aumentaram de 3,5% para 5,4% em seis meses. No final de 2017, a expectativa do mercado é de uma inflação de 5,1% e da Selic em 11%, o que sinaliza um juro real de 5,9%, o que mostra que o juro real vai continuar subindo até o final 2017”, disse Roriz.

O estudo defende um corte de juros de 3 pontos percentuais ainda este ano e de 1,75% em 2017, com a Selic chegando a 11,25% este ano e 9,5% no ano que vem, já que somente com a queda dos juros a economia se recupera e a arrecadação de impostos sobe.

Indústria em baixa

Ainda segundo o estudo, a participação da indústria no PIB caiu a níveis dos anos 1940. Era de 21,6% do PIB em 1985 e atualmente está em 11,4%. De acordo com o estudo, o desalinhamento cambial e o chamado custo Brasil são responsáveis pela desindustrialização do país.

“Há um diferencial de 30,1% de preços entre o produto nacional e o importado por causa desses fatores”, diz Roriz, observando que os empresários têm um retorno mais generoso aplicando em renda fixa do que na produção industrial.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.