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Delivery

Sem entrar na guerra dos descontos, Glovo desiste de operar no Brasil

Startup de entregas deixa de operar no Brasil já no próximo domingo. Foco será em outros países da América Latina

Proposta da Glovo é entregar “de tudo” | Divulgação/
Proposta da Glovo é entregar “de tudo” (Foto: Divulgação/)

A empresa espanhola de delivery via aplicativo Glovo vai encerrar seus trabalhos no Brasil após um ano de operações. A medida, anunciada nesta quinta-feira (28), começa a valer já no próximo domingo (3);

A competitividade intensa do mercado brasileiro, com marcas consolidadas como Rappi, iFood e Uber Eats, teria contribuído para a baixa performance da empresa. Uma das premissas dos espanhóis era não entrar na “guerra de descontos” dos aplicativos. Mas o canibalismo da disputa pelo mercado brasileiro se provou muito intenso.

Para fazer valer a operação brasileira, “precisaríamos de mais investimento e tempo para penetrar, liderar e alcançar rentabilidade”, avalia a startup, em nota.

A marca havia acabado de lançar, no início de fevereiro, o Glovo Prime, um plano de assinatura mensal que permitia entregas grátis ilimitadas para pedidos acima de R$ 30,00. No entanto, ao que tudo indica, a medida não foi suficiente para garantir o desempenho esperado.

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Os valores pendentes de pagamento referentes às vendas e de campanhas promocionais serão efetuados até o dia 10 de março, garante a marca. “Em nossa saída programada, todos os compromissos com usuários, parceiros e entregadores serão honrados.”

A Glovo possui operações em 21 países e pretendia atuar em 34 cidades brasileiras até o final de 2019. Em agosto do último ano, foi anunciada captação de 115 milhões de euros de investimentos, dos quais “dezenas de milhares” seriam investidos no Brasil.

Em nota, a empresa informou objetivo de “concentrar recursos em outros nichos da América Latina, Europa, Oriente Médio e África”.

Guerra dos superapps

O mercado de delivery brasileiro mostrou ser um dos mais atrativos para o crescimento de startups. Players nacionais e estrangeiros investem pesado com um objetivo em comum: o de dominar o mercado. Disputa que se evidencia na estratégia da Movile, dona do iFood, que adquiriu inúmeros concorrentes do aplicativo de entrega de comidas em sua consolidação. O iFood hoje é líder no mercado alimentar.

Mas esta guerra vem a um custo, mais especificamente o custo de aquisição do usuário. Hoje várias destas empresas pagam para reter o usuário mais do que recebem dele. A lógica é que este investimento valeria a pena para destronar seus concorrentes.

Mas o mercado já começa a dar sinais de impaciência. O dinheiro para bancar essa disputa vem de algum lugar — o caixa das empresas e seus investidores — e uma hora pode acabar. Desde o início, a Glovo deixou claro que não iria se sujeitar a uma disputa tão feroz. Ao que tudo indica, ela ficou no meio do caminho: não queimou tanta grana, mas também não conseguiu crescer na velocidade em que gostaria.

Crítica semelhante é feita pela também espanhola Cabify, parceira da Glovo. O aplicativo de transporte de passageiros freou as estratégias de conquista de passageiros, por entender que o mercado brasileiro está numa fase “irracional”. Mas que, em algum momento, isto vai passar

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Já no mercado de delivery, uma tendência paralela à guerra de preços é a criação de superapps, que fazem de tudo em uma mesma plataforma, aos moldes do que ocorre na China. O Glovo, que entrega de tudo (não só comida), é um exemplo deles.

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