São Paulo A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) finalizou o primeiro pregão do mês com recuperação moderada, em um dia morno. Sem sua principal referência externa, e com a proximidade da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os investidores optaram por ficar de fora do mercado.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, finalizou o dia em alta de 0,36%, aos 54.833 pontos. O volume financeiro foi de R$ 2 bilhões, abaixo da média diária do ano (R$ 4,3 bilhões). O feriado americano do "Dia do Trabalho" determinou a suspensão dos negócios da Bolsa de Nova Iorque.]Para analistas, a calmaria dos mercados ainda reflete os efeitos da ação "coordenada" da dupla Bush-Bernanke na semana passada. "Os compradores voltaram [à Bolsa] porque ficaram mais tranqüilos com a ação política", afirma Francisco Barbosa, economista e responsável pela área técnica da corretora Magliano. Na semana passada, o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou medidas para ajudar as famílias afetadas pelos problemas do mercado de crédito imobiliário americano. E o presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), Ben Bernanke, sinalizou que a autoridade monetária deve continuar a fornecer recursos para o sistema financeiro.
O dólar comercial foi negociado a R$ 1,955 para venda, em queda de 0,45%, nos últimos negócios do dia. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado a R$ 2,080 (valor de venda), com decréscimo de 0,47%.
Ontem, o Banco Central continuou ausente do mercado de câmbio, sem realizar o leilão de compra de moeda promovido diariamente nos últimos meses. A ausência de negócios nos EUA esvaziou o mercado de câmbio doméstico. Profissionais de mercado afirmam que o giro foi de pouco mais de US$ 320 milhões, quando num dia normal o volume é US$ 1 bilhão a US$ 3 bilhões. A taxa passou o dia em queda moderada, retomando a tendência de queda predominante neste ano.
Analistas ressaltam que, embora seja difícil um retorno à casa dos R$ 2, o cenário de menor liquidez (diminuição das captações externas) e de maior risco mundial (com as turbulências financeiras recentes) torna improvável que o preço da moeda americana retorne para R$ 1,85. No último boletim Focus, os analistas mantiveram a projeção de R$ 1,90 para o dólar em dezembro.
"Um certo otimismo voltou ao mercado, mas ainda não é o fim da crise. No próximo dia 11, os bancos americanos começam a divulgar balanços e o mercado espera que podem surgir alguns dados ruins", afirma Nélson Moraes, gerente da mesa de câmbio da corretora Fluxo. "Pessoalmente, não acredito que o mercado volte a viver dias como aquela quinta-feira fatídica, em que a Bolsa chegou a cair 8%. Vai ter volatilidade, mas com um pouco mais de calma", acrescenta.



