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Obras de ampliação do Afonso Pena: novo terminal deve começar a operar ainda neste ano. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Obras de ampliação do Afonso Pena: novo terminal deve começar a operar ainda neste ano.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Com o fim do voo que liga Curitiba a Miami, a partir de fevereiro de 2016, o aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, perderá lugar para os aeroportos de Salvador e Recife no número de operações em voos para fora do país.

Hoje, o aeroporto que atende Curitiba e região aparece em oitavo lugar no ranking brasileiro de voos internacionais, com 1.883 pousos e decolagens de janeiro a setembro deste ano. Com o fim do voo da American Airlines, que soma 60 pousos e decolagens por mês, o Afonso Pena cairá para a 10.ª posição.

INFOGRÁFICO: Veja o ranking dos voos internacionais nos aeroportos do Brasil

Atualmente, o Afonso Pena já aparece atrás de aeroportos com movimentação de passageiros e carga similares, como Porto Alegre (3.809 voos) e Manaus (2.445). O aeroporto tem perdido oportunidades por um problema histórico: a pista muito curta para a operação de aeronaves maiores com o tanque cheio. Ao lado de outras barreiras ligadas à infraestrutura aeroportuária e também de demanda, a questão impede que a capital paranaense se fortaleça como um hub para voos internacionais na região Sul.

A discussão para a construção da terceira pista, que se arrasta pelo menos desde 2009, foi retomada em setembro deste ano, após um esforço do governo do estado em levar novamente o assunto para Brasília. Uma reunião no mês passado, entre representantes do governo do Paraná, secretaria da Aviação Civil e da prefeitura de São José dos Pinhais, deu o pontapé inicial para resolver o impasse, que inclui mudanças na área da poligonal do aeroporto, que alterou o traçado inicial previsto para a nova pista; um segundo decreto de utilidade pública, para evitar novas construções e especulação imobiliária na área; e questões orçamentárias.

Além da obra em si, os custos de desapropriação de residências e comércios no entorno do Afonso Pena são altos. Em 2013, foram estimados em R$ 350 milhões, mas hoje esse valor deve ser maior. O governo federal afirma não ter os recursos disponíveis, apesar de o Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) ter saldo de R$ 4 bilhões este ano. O fundo é de uso exclusivo para a área aeroportuária, mas compõe o caixa geral da União utilizado para atingir o superávit primário.

Segundo a coordenadora de Gestão de Planos e Programas de Infraestrutura e Logística do estado, Rejane Karam, os trabalhos para o traçado de uma nova e definitiva poligonal devem ser iniciados em breve pelo governo do Paraná, para que então seja emitido um novo decreto de utilidade pública, pela prefeitura de São José dos Pinhais.

“Embora estejamos retomando todas essas discussões e dando andamento, ainda não tem nada de concreto das desapropriações, já que não existe recurso do governo federal para esta etapa”, diz Rejane.

Novos investimentos

O grupo LATAM (união da LAN e da TAM) deve inaugurar um novo hub no Nordeste, com foco em voos para a Europa, fortalecendo suas operações na América do Sul. Até dezembro, a companhia deve anunciar em qual cidade – Recife, Natal ou Fortaleza – deve instalar o novo terminal de conexões. A proximidade da região com a Europa estimulou a escolha.

Procuradas pela reportagem, a TAM, a Gol e a Azul afirmaram que não têm planos de curto prazo em ampliar as operações no aeroporto Afonso Pena.

SEM PRAZO

A Infraero informou que no momento está elaborando o anteprojeto da terceira pista de pousos e decolagens do Afonso Pena, mas ainda não há prazo para publicação do edital. A obra será contratada via Regime Diferenciado de Contratações integralmente.

Curitiba é a 8.ª em número de voos internacionais no Brasil. Com a perda da rota para Miami, cairá para 10ª.Albari Rosa/Gazeta do Povo

Aeroporto “comemorou” 1.º voo de Miami

O voo que liga Curitiba a Miami, com escala em Porto Alegre, foi lançado pela American Airlines no fim de 2013 com muita expectativa, tanto dos usuários quanto dos executivos da companhia.

No primeiro pouso da aeronave vinda dos Estados Unidos, uma recepção especial organizada pelo Instituto Municipal de Turismo (Ctur) entregou kits de boas-vindas para os passageiros, com material de divulgação de Curitiba, cupcakes, pacote de bala de banana, peça de artesanato local e uma garrafa de água personalizada, com dizeres remetendo ao voo inaugural. Além disso, a aeronave foi “batizada” com jatos de água.

Apesar de, na época do lançamento, o desempenho de vendas para a rota tenha surpreendido pelos bons números, a companhia americana afirmou que o ajuste na operação foi decidido para otimizar a frota e a tripulação, além de garantir maior rentabilidade e tornar a companhia mais competitiva.

Hoje, além do destino norte-americano, que vai até fevereiro, o Afonso Pena opera apenas voos para Buenos Aires, na Argentina, e Montevidéu, no Uruguai. (TBV)

Parte do novo terminal de passageiros começa a operar em dezembro

O novo terminal de passageiros do aeroporto Afonso Pena deve começar a operar parcialmente a partir de 21 de dezembro. A previsão é que parte das obras – como o conector de embarque, oito novas pontes de embarque e saguão – estejam prontas para o fim do ano.

Atualmente, segundo a Infraero, 80,87% dos trabalhos já foram executados, estando no estágio de acabamentos. A conclusão definitiva da obra é estimada para março de 2016. A ampliação era uma intervenção prevista para a Copa do Mundo de 2014.

Com a obra, a capacidade do aeroporto será ampliada dos atuais 8,5 milhões de passageiros/ano para 14,8 milhões de passageiros/ano. Em 2014, foram registrados 7.376.743 embarques e desembarques no Afonso Pena.

Sem previsão para receber investimentos ou novos voos, essa capacidade deve ser ocupada apenas nos próximos anos. O órgão estima que até 2018, a demanda de passageiros no aeroporto de Curitiba seja de 9,5 milhões de embarques e desembarques/ano.

Demanda é prioritária para novas rotas, diz especialista

O diretor de segurança e operações de voo da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Ronaldo Jenkins, afirma que a demanda é o principal fator levado em consideração pelas companhias na hora de escolher um aeroporto para um novo trajeto. “Depois aparecem questões de infraestrutura. Em trajetos internacionais, as aeronaves são pesadas e precisam de pistas grandes para decolar cheias de carga, passageiros e combustível”, diz.

Para o especialista, o Afonso Pena ampliaria suas operações internacionais com uma pista maior. “Hoje o aeroporto tem duas pistas que na verdade funcionam como uma apenas, porque elas são cruzadas e não podem ser utilizadas simultaneamente”, afirma. Enquanto isso, aeroportos do Nordeste, como Salvador, Recife e Natal, possuem pistas grandes e mais modernas. Natal, por exemplo, tem uma pista de 60 metros de largura, ideal para aeronaves mais pesadas e maiores.

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