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Entidades reunidas na sede do Sinduscon: aumento do ITBI vai estimular “contratos de gaveta” | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Entidades reunidas na sede do Sinduscon: aumento do ITBI vai estimular “contratos de gaveta”| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Proposta prevê reajuste escalonado nos próximos três anos

Se aprovado pela Câmara Municipal, a correção no IPTU valeria já para 2015 e vai além dele. Estão previstos ainda outros dois reajustes, em 2016 e 2017, de 4% mais inflação para casas, apartamentos e salas comerciais, e de 7% mais inflação para terrenos não edificados.

O projeto da prefeitura ainda prevê a atualização da planta genérica do município, documento utilizado como base para o cálculo do imposto pago pelos moradores. A planta estabelece os valores venais dos imóveis em cada região da cidade, sobre os quais são calculadas as alíquotas do IPTU.

O boom imobiliário registrado na cidade nos últimos anos fez com que o preço dos imóveis subisse mais do que a inflação, o que deixou a planta genérica defasada. Segundo o Banco Central, entre janeiro de 2003 e julho de 2014, o reajuste nacional dos imóveis foi de 422%, enquanto a inflação aumentou 94% no mesmo período.

Para a prefeitura, essa defasagem gerou uma perda no potencial de arrecadação, fazendo com que R$ 2 bilhões em IPTU deixassem de ser recolhidos nos últimos 11 anos. O presidente do Sinduscon-PR, José Eugenio Gizzi, reconhece a existência da defasagem, mas diz que ela foi compensada pelo aumento no número de imóveis entregues, o que ampliou o recolhimento do imposto.

11 anos sem reajuste

Caso receba parecer favorável dos vereadores, esta será a primeira correção real no valor do IPTU desde 2003, quando o então prefeito Cássio Taniguchi congelou a planta de valores. A partir desta data, o tributo municipal foi corrigido somente pela inflação de cada ano.

Representantes de entidades dos setores imobiliários e de construção civil manifestaram ontem, em reunião conjunta, sua posição contrária à proposta de reajuste de impostos apresentada pela prefeitura de Curitiba na última segunda-feira.

Projetos de lei encaminhados à Câmara Municipal determinam correção de 5% e 8%, mais o IPCA acumulado em 2014, sobre o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de imóveis edificados e não edificados, respectivamente, e de 0,5% na alíquota do Imposto sobre Transmissão Intervivos de Bens Imóveis (ITBI). A medida está sob avaliação da Procuradoria Jurídica da Câmara e deve ser votada em plenário na primeira quinzena de dezembro.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), José Eugenio Gizzi, afirma que o aumento de tributos no atual momento econômico vivido pelo país irá prejudicar não apenas o consumidor final, que terá de pagar mais impostos, mas também os investimentos no município.

"Isso terá reflexos no crescimento da cidade. Ao invés de favorecer, a medida inibe os investimentos, que têm relação direta com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e, consequentemente, da arrecadação municipal", diz.

Desemprego

Keiro Yamawaki, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura no Paraná (AsBEA-PR), alerta que a retração nos investimentos fatalmente vai resultar na redução das contratações nos escritórios de arquitetura e em toda a cadeia da construção civil e do comércio, interferindo na taxa de desemprego.

O estímulo ao crescimento da informalidade nas transações imobiliárias também foi apontado pelas entidades como um possível resultado dos reajustes. Isso porque o aumento dos gastos para transferência de imóveis poderia fazer com que os compradores não registrassem as unidades, aumentando o número dos chamados "contratos de gaveta".

"Entre 2004 e 2013, a arrecadação com o ITBI aumentou 506%, passando de R$ 45 milhões para R$ 273 milhões. Entendemos que outras medidas, como a racionalização dos processos de liberação de licenças para a construção, seriam mais produtivas e eficientes do que o reajuste dos impostos. Isso faria com que a economia girasse mais rápido e anteciparia o recolhimento da receita, além de fomentar o investimento na cidade", diz Gizzi.

Também participaram do encontro os presidentes da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig; do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), Luis Antonio Laurentino; e da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antonio Miguel Espolador Neto.

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