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Indústria

Setor metal-mecânico espera recuperar 70% das vagas até junho

Levantamento nacional mostra que confiança do empresariado em relação ao mercado de trabalho está no melhor nível em 24 anos

Fábrica da Bosch na Cidade Industrial de Curitiba inicia na próxima semana um processo seletivo para preencher 400 vagas: no ano passado, 900 trabalhadores foram demitidos na unidade | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Fábrica da Bosch na Cidade Industrial de Curitiba inicia na próxima semana um processo seletivo para preencher 400 vagas: no ano passado, 900 trabalhadores foram demitidos na unidade (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo)

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Após as turbulências enfrentadas na maior parte do ano passado, a indústria de Curitiba e região metropolitana abriu uma grande temporada de contratações. A expectativa é de que 4 mil vagas fechadas durante o período crítico da crise sejam reabertas no setor metal-mecânico – que concentrou boa parte das demissões em 2009 – até o fim do primeiro semestre. Só a Bosch, que tem unidade na Cidade Industrial de Curitiba, inicia na próxima segunda-feira um processo seletivo para contratar 400 pessoas. Uma pesquisa do Sindimetal-PR, sindicato que representa o segmento no estado, indica que 35 empresas têm planos de aumentar suas equipes de produção. Estimativas iniciais indicam que cerca de 70% das 6 mil vagas eliminadas durante a crise financeira internacional sejam reativadas.O movimento da indústria curitibana está ligado à conjuntura atual do setor: ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou que as previsões de emprego industrial em todo o país estão no nível mais alto desde julho de 1986. As contratações, voltadas para operação de produção, têm o objetivo de atender a um aumento de demanda percebido desde o começo do ano, tanto de clientes nacionais quanto no mercado internacional.Este aquecimento sinaliza a primeira retomada do mercado de trabalho na indústria desde a onda de demissões causada pela crise. Entre as empresas da base do Sindimetal, foram cerca de 6 mil dispensas em 2009. Apenas a Bosch, demitiu cerca de 900 funcionários em junho do ano passado, diminuindo sua capacidade produtiva em 25% para lidar com a baixa dos pedidos internacionais. "O mercado lá fora ficou muito tempo reprimido, as vendas pararam. Mas, durante estes meses, os estoques disponíveis nos países consumidores foi sendo queimado. A demanda agora é justamente de recomposição desses estoques, há demanda de reposição de peças", diz o presidente do Sindimetal, Roberto Karam. Essa recuperação foi confirmada pelo gerente de recursos humanos da Bosch em Curitiba, Duilo Damaso, mas ele diz que a empresa também percebe aquecimento no mercado interno. "No mercado nacional, vimos crescimento acima das expectativas. Algumas montadoras já realizaram ampliação de turno de trabalho", afirma.Contratos temporários

Por enquanto, a tendência é admitir empregados por tempo determinado, de acordo com uma demanda de curto prazo. "A palavra de ordem ainda é cautela. Estamos hoje com aumento da demanda, e é claro que torcemos para que esse movimento tenha continuidade, mas ainda não temos como saber se isso é sustentável", diz Karam, do Sindimetal. "Por outro lado, é fato que nossas empresas foram pegas até de surpresa com este ritmo forte na demanda, especialmente no segmento internacional. Foi uma boa surpresa", avalia.

Damaso, da Bosch, também é cuidadoso ao pintar o quadro positivo. "Falar em aumento da confiança da indústria ainda é um pouco de exagero. Continuamos tratando o mercado com bastante cautela. O momento é de reaquecimento", diz.

A pesquisa do Sindimetal contemplou 35 empresas, sem incluir a Bosch. Entre as firmas do levantamento, houve demissão de cerca de 1,4 mil trabalhadores no ano passado, mas em janeiro deste ano elas já haviam recontratado 369 pessoas. "Nossa estimativa é repor no primeiro semestre deste ano até 70% da mão de obra que foi dispensada no ano passado", diz Karam.

Confiança

O aumento do otimismo da criação de empregos foi apurado pelo Índice de Confiança da Indústria (ICI), da FGV, que subiu 1,9% em fevereiro em relação a janeiro – taxa bem mais intensa do que a apurada no mês passado, quando o ICI subiu 0,2% ante dezembro de 2008. O destaque do nível das expectativas do empresariado ficou por conta das previsões de emprego: das 1.056 empresas consultadas em fevereiro, 31,3% pretendem aumentar o total de pessoal ocupado na empresa no trimestre fevereiro-abril; e apenas 3% preveem demissões. O Nível de Utilização de Capacidade Instalada (Nuci) da indústria com ajuste sazonal alcançou 84% em fevereiro, o maior desde outubro de 2008 (que alcançou 85,1%).

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