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Na luta diária para atrair os clientes, os comerciantes sabem que precisam ficar atentos à concorrência. Muitas vezes, quando uma loja abre suas portas próxima a outra de mesmo foco, o empresário já estabelecido teme que possa perder clientes. Com os lojistas de shopping centers não é diferente. Em Curitiba, existem alguns exemplos de shoppings que estão muito próximos uns do outros – e cujas áreas de influência se sobrepõem. É o caso do Shopping Crystal, localizado a menos de 200 metros do Shopping Novo Batel, e do Shopping Total, cujo terreno está a 150 metros do gigantesco Shopping Palladium, ainda em construção. Especialistas do setor, no entanto, garantem que os empreendimentos não roubam clientes dos vizinhos e que a proximidade pode até melhorar o movimento de centros comerciais adjacentes.

O diretor-executivo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veiga, diz que é muito difícil que um shopping prejudique o outro apenas pela proximidade. "O lançamento de qualquer empreendimento é exaustivo, com estudos de mercado que levam no mínimo dois anos", explica. Além disso, Veiga explica que o empresário está sempre preparado para se "defender, caso sofra um ataque". No caso, a saída é investir em diferenciais, com reformas e mudanças que mantenham o interesse do público, como o Shopping Müeller fez quando instalou suas salas de cinema. "Também pode haver a cláusula de raio nos contratos com as lojas, que pode impedir que uma determinada marca abra outra loja em um raio de dois quilômetros, por exemplo", acrescenta.

Do lado dos lojistas, a opinião é semelhante. Luis Ildefonso, diretor superintendente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), acredita que, no começo, o shopping novo pode atrair mais gente, por ser novidade, mas que com o tempo o movimento se normaliza para todos os estabelecimentos. "Existe uma simbiose: o consumidor que vai em um shopping vai no outro por uma determinada marca." Ildefonso lembra que, no começo da era dos shoppings, em São Paulo, quando foi anunciado a construção do Shopping Ibirapuera, próximo ao Shopping Iguatemi, houve o temor de que o mercado ficaria saturado, "mas nada disso aconteceu".

Para a gerente de marketing do Shopping Crystal, Lilyan Vargas, a proximidade com o Shopping Novo Batel não afeta em nada o andamento dos negócios. "Temos um mix de lojas e quiosques com marcas que não existem em outro shopping. O Shopping Curitiba também é próximo, mas tem outro público", explica. O problema, de acordo com ela, ocorreria só se os shoppings brigassem por clientes com o mesmo perfil.

Marco Aurélio Jardim Filho, superintendente do Shopping Estação, que está relativamente próximo ao Shopping Curitiba, fala que o tamanho do shopping é definido pela demanda do mercado. "Se o potencial for suficiente, não há problema nenhum", diz. Jardim explica que os shoppings têm uma área de influência que fica a uma distância de 20 a 30 minutos de carro e que 85% dos consumidores ficam neste perímetro. Por isso, os shoppings Müeller, Crystal, Estação, Curitiba e Novo Batel estão praticamente na mesma zona de influência, mas convivem em relativa harmonia.

Na legislação, não há nenhuma barreira para que shoppings sejam construídos próximos uns dos outros. Segundo o diretor do Departamento de Controle de Edificações da Secretaria Municipal do Urbanismo de Curitiba, Reginaldo Cordeiro, as únicas exigências para se abrir um shopping são de que o terreno esteja no zoneamento adequado, que o relatório de impacto ambiental seja aprovado e que a via onde o estabelecimento será construído consiga absorver o aumento no fluxo de veículos. "Poderia ser impedido se fosse criar complicações no trânsito", diz.

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