Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Entrevista

Soifer prepara sua sucessão, mas não para “tão cedo”

“Várias vezes [fui procurado para vender o shopping], mas de que adianta ter dinheiro no banco se o que eu gosto mesmo é atuar na operação?”-Salomão Soifer, empresário | Daniel Castelano/Gazeta do Povo
“Várias vezes [fui procurado para vender o shopping], mas de que adianta ter dinheiro no banco se o que eu gosto mesmo é atuar na operação?”-Salomão Soifer, empresário (Foto: Daniel Castelano/Gazeta do Povo)

Entrevista com o empresário Salomão Soifer

O empresário Salomão Soifer, 75 anos recém-completados, demonstrou cedo o talento para fazer negócios. Ainda criança, costumava carregar malas para turistas para ganhar alguns trocados. Mas foi em uma visita ao shopping Iguatemi, em São Paulo, já adulto, quase 30 anos atrás, que ele despertou para o mundo empresarial, com a idéia de lançar o Mueller, o primeiro shopping de grande porte de Curitiba. Hoje, com a Soifer Participações, ele atua em áreas tão distintas quanto portos, com o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) e turismo, com a Cataratas do Iguaçu S.A., mas os shopping centers ainda são sua paixão. Não é raro vê-lo andando pelo Mueller visitando lojistas, falando com funcionários, ou até mesmo comprando, diz ele, ao exibir o relógio novo no pulso.

Além do Mueller de Curitiba, a Soifer é sócia do Mueller de Joinville (SC), do Rio Sul, no Rio de Janeiro, do Natal Shopping, no Rio Grande do Norte. É dona do recém-inaugurado Shopping São José, em São José dos Pinhais, e prepara agora o projeto do Pátio Batel, novo shopping de alto padrão que vai funcionar no bairro de mesmo nome. Uma foto do terreno onde vai se situar o novo empreendimento decora o escritório do empresário, em Curitiba. Conhecido pela determinação com que conduz seus negócios, ele é um dos poucos do ramo de shoppings centers que não se rendeu ao assédio comprador de grandes grupos do setor.

O setor vive uma onda de aquisições, capitaneada pelos grupos que lançaram ações na bolsa. O senhor já foi procurado para negociar seus shoppings?

Várias vezes, mas de que adianta ter dinheiro no banco se o que eu gosto mesmo é atuar na operação, no dia-dia do negócio. Mas com certeza esse é um mercado que está ficando mais complexo, porque as grandes redes têm escala de negociação com os lojistas, o que não temos com uma atuação independente. Mas, ao mesmo tempo, não compensa ter um sócio capitalista, que vai dar palpite na condução das atividades. Cada shopping tem sua própria dinâmica.

O grupo Soifer vai construir o shopping Pátio Batel, cujos detalhes a Gazeta do Povo antecipou essa semana. Por que o grupo evita falar do empreendimento?

O projeto está cercado de expectativa e muita gente culpou o shopping por uma série de mudanças no bairro. Nos responsabilizaram até pela abertura da pracinha do Batel, o que é um absurdo. Não tivemos nada a ver com essa alteração. Então preferimos não falar do assunto até que o projeto esteja concluído. Mas posso adiantar que a idéia é fazer um shopping que tenha tudo o que os demais possuem e um pouco mais. Curitiba tem muito shopping center e só há espaço para projetos que tragam, a partir de agora, alguma inovação.

A crise financeira nos Estados Unidos deve ter reflexo no Brasil na forma de uma redução do ritmo de crescimento do crédito, que manteve o consumo aquecido. Esse novo cenário deve afetar as vendas dos shoppings?

Até agora não sentimos nenhuma alteração. Em agosto, que é um mês sem nenhuma data forte de vendas, o movimento surpreendeu positivamente. O mercado talvez fique mais difícil, mas há uma massa significativa de brasileiros que passaram a consumir no país. E comprar é um ato de impulso, de emoção.

Como o grupo prepara a sucessão?

O meu filho David, que hoje ocupa a diretoria operacional da Combrashop (a Soifer tem 45% da holding, que controla o Mueller) deve me suceder, mas não tenho planos de deixar o trabalho tão cedo. Ainda tenho duas filhas (Simone, diretora comercial da Combrashop, e a Suzanne, que tem um empreendimento dentro do Mueller) e uma neta (Liana, executiva do shopping São José) que atuam no ramo.

O grupo pensa em lançar empreendimentos em outros estados?

Há cerca de 12 anos, cheguei a analisar um projeto de shopping em São Paulo, mas hoje o foco está concentrado no mercado local. Estamos muito otimistas com São José, que foi projetado dentro de um cenário conservador e que deve ser ampliado no futuro.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.