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A S&P destaca os desafios enfrentados pela presidente Dilma Rousseff e sua equipe econômica para angariar apoio para a “correção de rumo na política” e uma “reviravolta na economia” | Ueslei Marcelino/Reuters
A S&P destaca os desafios enfrentados pela presidente Dilma Rousseff e sua equipe econômica para angariar apoio para a “correção de rumo na política” e uma “reviravolta na economia”| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s avalia que os riscos para o rebaixamento da nota de crédito do Brasil aumentaram desde a última revisão do rating, anunciada em 23 de março. A declaração está no relatório em que a S&P revisou a perspectiva do rating BBB- do Brasil de estável para negativa.

“Nós revisamos a perspectiva para negativa porque acreditamos que, apesar das mudanças de política atualmente em curso, que continuamos a acreditar que têm o apoio da presidente, os riscos para sua execução subiram. Em nossa visão, esses riscos derivam das frentes política e econômica”, diz a agência.

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Segundo a S&P, as investigações em curso do esquema de corrupção na Petrobras contra pessoas físicas e jurídicas de alto perfil – tanto do setor público quanto privado – levou a um aumento da incerteza política no curto prazo. “Estas investigações independentes são uma prova da estrutura institucional no Brasil, o que contrasta com a de outras economias emergentes”, pondera a agência.

A noticia é uma derrota para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que tentava evitar avaliações negativas das agências de classificação de risco durante a implementação do ajuste fiscal e reconquistar a confiança dos investidores.

Jucá diz que é ‘positivo’ a S&P não ter rebaixado a nota do Brasil

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou nesta terça-feira (28) considerar um “fato positivo” a agência de classificação de risco Standard & Poor’s não ter rebaixado diretamente a nota do Brasil. Para o peemedebista, a decisão da S&P é mais um aviso, uma leitura do mercado que precisa ser levado em conta. Ele disse que é preciso que o governo proponha medidas estruturantes para estimular a economia do país.

“Cabe ao Executivo inverter o rumo dessa marcha que vai levar o país à bancarrota”, disse Jucá, que é economista, foi relator do Orçamento de 2015 e tem sido um dos parlamentares com maior trânsito com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no Congresso.

O senador do PMDB classificou as medidas do ajuste fiscal propostas pelo governo até o momento de paliativas. Ele disse que o governo tem de propor medidas para reanimar a economia de médio prazos, atuar na contenção de gastos públicos e do custeio da máquina, conforme a cúpula peemedebista tem defendido.

Segundo Jucá, a decisão do governo, anunciada na semana passada, de contingenciar cerca de R$ 9 bilhões é mais um “detalhe, uma manobra marginal, no sentido de pequena”. Para ele, o problema não é cortar, é fazer uma reestruturação da gestão pública. “Chegou a hora de racionalizar, não dá para gastar”, cobrou.

Impasse político

A S&P também vê, no curto prazo, uma diminuição da coesão política no Congresso, o que pode causar um risco material para um eventual rebaixamento por causa da possibilidade de gerar “políticas ineficazes”.

A agência lembra ainda que a dinâmica complexa entre o PT e o PMDB, que havia diminuído sob a coordenação política do vice-presidente Michel Temer, reapareceu. “Isso gera a perspectiva de apoio no Congresso um pouco menos consistente para aprovar as medidas necessárias de ajuste fiscal, até mesmo um pouco diluído, em comparação com o que já tínhamos observado e esperado no início deste ano”, afirma.

A S&P destaca ainda os desafios enfrentados pela presidente Dilma Rousseff para angariar apoio para a “correção de rumo na política” e uma “reviravolta na economia”. A agência diz ainda que não trabalha com um cenário base de impeachment de Dilma.

Outras agências

A S&P foi a primeira a conceder o grau de investimento ao país, no final de abril de 2008. Essa avaliação é uma espécie de selo de bom pagador.

Na demais agências de classificação de risco, a nota brasileira ainda está dois degraus acima do nível especulativo, mas também ganhou perspectiva negativa. Na Fitch, a nota brasileira é BBB e a perspectiva foi rebaixada de estável para negativa no mês de abril passado.

“Embora o governo tenha começado um processo de ajuste macroeconômico para impulsionar a confiança e credibilidade política, riscos negativos relacionados à sua efetiva implementação e duração persistem, especialmente no contexto de uma economia e ambiente político desafiadores”, disse.

No último dia 23, a Fitch informou que irá reavaliar as tendências fiscais do Brasil após o governo cortar a meta de superávit primário (a economia feita para pagar juros da dívida) de 1,1% do Produto Interno Bruno (PIB) para 0,15%.

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Já a Moody’s rebaixou de estável para negativa a perspectiva da nota brasileira às vésperas da eleição presidencial do ano passado. Neste mês, técnicos da agência estiveram reunidos com o governo avaliando os números da economia.

Segundo especialistas, a expectativa é que a Moody’s rebaixe a nota brasileira em um degrau, de Baa2 para Baa3, ainda considerada grau de investimento. A dúvida do mercado é se a perspectiva será mantida negativa ou mudada para estável.

Para FMI, situação do Brasil preocupa, mas expectativa é por medidas de ajuste

A situação econômica do Brasil preocupa, afirmou nesta terça-feira (28) o número dois do Fundo Monetário Internacional (FMI), o vice-diretor executivo, David Lipton, em uma entrevista à jornalistas em Washington. Mas a instituição está “esperançosa” de que as medidas de ajuste tanto na política fiscal como na monetária restaurem a confiança dos empresários e consumidores brasileiros e abra o caminho para a volta do crescimento.

“De modo geral, nós estamos preocupados com situação econômica no Brasil e o dilema que o país enfrenta de um crescimento em desaceleração e a necessidade de ajustar a política monetária e orçamentária”, disse Lipton ao ser questionando sobre o país na entrevista. Ele frisou que o déficit fiscal é “muito alto” e a política monetária tem que lidar com uma inflação “muito elevada”.

“Mas estamos esperançosos de que ações nesses dois ‘fronts’ darão apoio ao crescimento e à confiança”, disse. No inicio do mês o FMI voltou a reduzir a previsão de expansão do Brasil, prevendo contração de 1,5% em 2015, ante expectativa de queda de 1% em um relatório divulgado em abril durante a reunião de Primavera da instituição.

Questionado sobre a situação das contas externas brasileiras, Lipton preferiu não comentar este ponto, destacando que as conclusões estão em um relatório divulgado nesta terça-feira, “que fala por si mesmo”.

O documento avalia a situação externa da economia mundial e tem tópicos específicos para os principais países e a zona do euro. Sobre o Brasil, o documento menciona que a situação externa do país está “mais fraca do que o nível consistente” com os fundamentos de médio prazo e o conjunto de políticas desejáveis.

Exportações

Para 2015, a expectativa do FMI é que a posição externa do país se fortaleça “de alguma forma”. Ao mesmo tempo, a queda dos preços das commodities no mercado internacional pode afetar o valor das exportações do país, ou seja, as contas externas continuam vulneráveis a novas oscilações dos preços. O relatório estima que a baixa das cotações pode reduzir o valor das exportações brasileiras em mais de 1% do PIB em 2015, de acordo com o relatório.

No documento, os técnicos do FMI destacam que o déficit em conta corrente do Brasil, que ficou em 4,5% do PIB em 2014, está acima do que é desejável quando se consideram os fundamentos de médio prazo. Pela estimativa do relatório, este déficit ideal seria entre 0,5% a 2% do PIB, considerando o cálculo com ajustes cíclicos.

O FMI destaca que o déficit em conta corrente aumentou no ano passado por causa de uma série de fatores, que incluem seca, piora dos termos de troca e a crise na Argentina, um dos maiores parceiros comerciais do país. Assim, mesmo com a fraca demanda interna, por causa da atividade econômica crescendo pouco, e da forte desvalorização do real, o déficit aumentou.

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