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Thiago Chaer e Dalmir Ogliare, sócios da EngagED: startup curitibana foi a primeira escolhida pelo Google para participar de programa | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Thiago Chaer e Dalmir Ogliare, sócios da EngagED: startup curitibana foi a primeira escolhida pelo Google para participar de programa| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Trocando Maringá pela Europa

Criador da Smartwalk, Elvis Paulo da Silva, de Maringá, estava de malas prontas para embarcar para o Leste Europeu. Na busca por contratos de aceleração para entrar no mercado internacional, Silva havia encontrado um programa do governo da Estônia que lhe pareceu adequado aos objetivos do seu negócio. A ideia era usufruir de quase 150 mil euros entre monitorias e investimento em infraestrutura durante três meses e colocar os europeus para chacoalhar na plataforma vibratória da empresa.

O equipamento portátil foi desenvolvido nos últimos cinco anos. Silva conseguiu reduzir custos de produção das plataformas e vende uma versão portátil, por menos de R$ 500. A vibração simula uma caminhada e ajuda a combater doenças como osteoporose, diabetes e cardiopatias decorrentes da obesidade.

Para conquistar uma das seis vagas do programa estoniano, Silva superou critérios de corte, como o fato de ser o único fundador da empresa e trabalhar sem sócios. "Abriram uma exceção pelo potencial da empresa", diz. Além de acessar o mercado europeu, a monitoria poderia render novos modelos do produto, com o mesmo conceito.

Revés

Estava tudo certo, o embarque seria em março, até chegar o contrato, há poucos dias. "Descobri uma série de amarras em que eu perderia o poder de gestão sobre a empresa, apesar de manter a participação de 94%. E eles ainda teriam gerência sobre meus negócios no Brasil", conta. Silva é dono de uma franquia de academias femininas, com 30 unidades instaladas no país.

O revés mudou os planos do empreendedor e ele desistiu da Estônia. E agora, em vez de receber um investimento, vai gastar 50 mil euros em uma mudança para a Alemanha. Em março, desembarca para uma temporada no parque tecnológico de Offenburg, onde pretende fundar a empresa e mudar-se definitivamente para o país, até meados de 2015. "Esse modelo não exige contrapartida e ainda terei a consultoria necessária para entrar na Europa e deixar o mercado brasileiro", diz.

  • Elvis Silva, criador da Smartwalk: de malas prontas para alcançar o mercado europeu

Ao mesmo tempo em que batalham por clientes para ganhar mercado, as startups também entram em outra disputa: a da busca por recursos que vão sustentar o desenvolvimento da empresa. Além de editais públicos para financiamentos subsidiados, investidores-anjo, fundos de investimentos, incubadoras e concursos, os programas de aceleração e de incentivo de grandes empresas tecnológicas e universidades também estão na mira dos empreendedores.

A disputa é acirrada. Assim como na banca de investidores, os fundadores precisam demonstrar que o novo negócio é promissor, consistente e tem potencial de crescimento. O mercado brasileiro tem conquistado espaço no ambiente internacional de inovação e o volume de aportes tende a crescer em 2015. "Muitas startups nacionais já passaram pela seleção de aceleradoras estrangeiras e podem ajudar as demais a superar os desafios de crescimento", diz Rodrigo de Alvarenga, representante da rede Startup Grind no Brasil.

Foi a rede que ajudou a viabilizar a participação da EngagED – startup de Curitiba criada há um ano por Dalmir Ogliare e Thiago Chaer –, no Google Cloud Credits, inaugurando a parceria do programa da gigante da tecnologia com empresas brasileiras. Durante um ano, os fundadores da plataforma de gestão e relacionamento educacional vão criar funcionalidades com produtos e serviços que o Google oferece aos clientes, no valor de US$ 100 mil.

O crédito vai substituir o investimento que os empreendedores teriam de fazer para chegar a novas soluções exigidas pelo aplicativo. "Vamos ganhar um ano em desenvolvimento e garantir funcionalidades para incrementar a rentabilidade do app, multiplicando o investimento", diz Chaer.

Um exemplo disso será o check-in e o check-out de alunos por GPS, que poderá ser aplicado ao EngagED a partir das ferramentas disponíveis no Google, com a segurança que a empresa oferece. O app funciona como um sistema de controle de dados para instituições de ensino, como matrícula, histórico escolar, notas, relacionamento de alunos, gestão administrativa e financeira.

Empurrão

Atento ao desenvolvimento de novas plataformas, o Google criou o programa para fomentar o crescimento das empresas nascentes. Para isso, estabelece critérios mínimos de avaliação, sem limite de vagas. Além de ser de base tecnológica e já estar em andamento, a empresa não pode ter faturamento anual superior a R$ 1 milhão, precisa ter sido aprovada em programas anteriores de aceleração, incubação e investimentos, mas ter recebido aportes de até US$ 500 mil.

Na avaliação de Chaer, o profissionalismo na gestão da EngagED foi fundamental para entrar no programa. "Desde o começo agregamos ao conselho de administração profissionais experientes em negócios e mercado financeiro. Isso nos garantiu a orientação necessária para corrigir erros rapidamente", diz. Até o fim de 2015, a EngagED prevê chegar a R$ 4 milhões em faturamento.

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