O Governo Central, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, obteve no ano passado um superávit primário de R$ 71,401 bilhões, um crescimento de 23,5%, em termos nominais, em relação a 2007. O resultado ficou ainda R$ 8,001 bilhões acima da meta do ano, de R$ 63,4 bilhões.
O resultado poderia ter sido ainda melhor se não fosse o aporte de R$ 14,2 bilhões em títulos do Tesouro Nacional ao Fundo Soberano do Brasil (FSB). Sem esse repasse, o resultado teria sido de R$ 85,6 bilhões, 48,1% superior ao registrado em 2007, que foi de R$ 57,825 bilhões.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, comemorou o resultado afirmando que o governo conseguiu melhorar o perfil das despesas públicas.
O especialista em contas públicas, Raul Veloso, discorda da avaliação do secretário. Ele afirmou que o governo usa essa comparação com o PIB nominal para minimizar os efeitos do aumento dos gastos públicos.
Segundo Veloso, os cálculos do Tesouro são baseados num crescimento nominal do PIB de 11,7%, o mais elevado dos últimos anos. "Os gastos com pessoal cresceram muito mais do que mostram as contas com esse PIB inflado", disse ele, acrescentando: "Em termos nominais, as despesas com pessoal subiram 12,4%, ou seja, acima desse PIB já inchado."
Para o economista, o quadro em 2009 ficará ainda mais agravado: "Este ano, não só o PIB será menor, mas as receitas também. Acabou a fase áurea que nós estávamos vivendo. Já as despesas continuam crescendo num ritmo forte. Portanto, para cumprir as metas fiscais, o governo vai ter que acabar reduzindo investimentos."



