
Maior companhia aérea do país, a TAM anunciou ontem que irá se unir à chilena LAN. Dessa operação, surgirá a Latam Airlines, um gigante com faturamento de US$ 9,2 bilhões, 40 mil funcionários e serviços de transporte aéreo de passageiros e cargas para mais de 115 destinos em 23 países.
A Latam terá sede no Chile e ações (BDRs) negociadas na Bovespa, em Nova York e no Chile. O capital da TAM, por sua vez, será fechado. A participação acionária da Latam não foi divulgada, mas a reportagem apurou que a LAN ficará com 70,6% da holding, e a TAM, com 29,3%. Apesar de a TAM ser maior do que a LAN em receita, a chilena possui mais ações em circulação e um valor de mercado maior.
Mas os acionistas controladores da TAM, a família Amaro, manterão o controle da empresa aérea brasileira, com 80% do capital votante e mais uma participação não divulgada na LAN. A família Cueto, controladora da empresa chilena, manterá o controle da LAN, além de deter 20% da TAM. Atualmente, a lei brasileira limita em 20% a participação de estrangeiros no setor aéreo. O Congresso deve votar, neste ano, a ampliação desse limite para 49%.
Por meio de um comunicado, as companhias informaram que será criado "um modelo de governança único que gerenciará todas as decisões estratégicas relacionadas à coordenação e alinhamento de atividades das holdings do grupo Latam".
Mauricio Rolim Amaro, atual vice-presidente do Conselho de Administração da TAM, será o presidente do Conselho da Latam. Enrique Cueto, atual CEO da LAN, será o CEO da Latam.
A intenção é manter as bandeiras TAM e LAN separadas. A expectativa é que a fusão das operações gere uma sinergia (economia de custos) de US$ 400 milhões.
Presidente
Há muitos anos que as famílias Cueto e Amaro discutem uma possibilidade de associação. As negociações voltaram a esquentar após a vitória de Sebastián Piñera para a Presidência do Chile.
Piñera detinha 26% da LAN e assumiu o compromisso, durante a campanha presidencial no ano passado, de vender sua participação após as eleições.
Para o professor de Transporte Aéreo da UFRJ, Respício Espírito Santo Jr., a fusão cria um gigante na América Latina. "Ao se aliar à TAM, a LAN contém o avanço da Gol na América do Sul", diz. "A Gol está recebendo um monte de aviões, voa para Lima, Santiago, Buenos Aires, e tem incomodado muito a LAN", afirma.
A operação também cria um gigante na área de cargas, setor em que a LAN é bastante forte. Na opinião do analista em aviação Gilson Garófalo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da PUC-SP, a fusão entre TAM e LAN Chile é uma grande oportunidade de capitalização e fortalecimento das duas empresas. Segundo ele, a companhia brasileira terá a oportunidade de aumentar os seus voos para a Europa, onde ela tinha destinos limitados. "São duas empresas que querem ser grandes. Será uma grande oportunidade para aumentar ganho de escala e de se capitalizar", disse Garófalo.




