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Confecções

Tarifa zero no algodão dá fôlego à indústria

Setor têxtil poderá importar 250 mil toneladas com isenção de imposto. Medida ameniza efeitos da disparada dos preços da matéria-prima

Confecção em Maringá: preço da matéria-prima mais que dobrou nos últimos 12 meses | Ivan Amorin/Gazeta do Povo
Confecção em Maringá: preço da matéria-prima mais que dobrou nos últimos 12 meses (Foto: Ivan Amorin/Gazeta do Povo)

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) concedeu aos industriais brasileiros o direito de importar, com isenção total de impostos, até 250 mil toneladas de algodão – o volume equivale à soma de tudo o que o país importou nos últimos cinco anos. Publicada na quinta-feira, a medida vale até maio de 2011 e foi comemorada pelos empresários da Região Noroeste do Paraná, polo de vestuário do estado. O pedido de isenção tributária, que visa diminuir os efeitos da disparada das cotações do algodão sobre a produção do vestuário brasileiro, havia sido apresentado ao governo pela Associação Brasileira da Indús­­tria Têxtil e de Confecção (Abit) e outras entidades de setor.

Nos últimos 12 meses, o preço do algodão no Brasil mais que dobrou, subindo 124% e atingindo a casa dos R$ 2,80 por libra-peso. "Mais produto no mercado vai regular o estoque e baixar o preço. Nossa preocupação era que a procura [pelo algodão] já estava ficando maior que oferta", diz o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Maringá e região (Sindivest), Carlos Alberto Pechek.

A alta no preço é resultado da quebra na safra em importantes produtores, como o Paquistão, e pela decisão da Índia de suspender vendas para o exterior. Com isso, o algodão brasileiro tornou-se uma das poucas opções para a indústria, ao mesmo tempo em que os cotonicultores do país aproveitavam o preço mais alto e optaram pela exportação, principalmente para a China.

De acordo com o Sindivest, os efeitos da escassez de matéria-prima ainda são discretos, mas não tardariam a se agravar, caso o governo não tomasse alguma medida. A produção de peças de vestuário no Noroeste deve fechar 2010 com 10% de aumento em relação a 2009, mas o setor avalia que esse aumento poderia ter ficado entre 15% e 17%, não fossem alguns fatores que serviram de freio.

O setor ainda quer que o governo adote uma medida bem mais radical – o controle das exportações brasileiras de algodão. Mas, por enquanto, não há sinais de que isso possa ocorrer. Outro problema que os empresários enfrentam é a falta de mão de obra, tida como principal amarra ao crescimento do ramo. Essa escassez tem forçado as facções a se instalarem em cidades menores, fora do eixo Maringá-Cianorte.

Repasse

Segundo Pechek, do Sindvest, a decisão de repassar o aumento para os consumidores depende da situação de cada confecção. Com 97% de algodão na composição de seu produto, as fabricantes de jeans estão entre as que mais sentem a forte alta do custo da matéria-prima.

"Eu precisaria colocar 11% de aumento para o preço final, mas não repassei tudo isso", conta Leandro Falleiro, dono da em­­presa que fabrica jeans para a marca Lado Avesso, em Maringá. "Os reajustes [do algodão] ocorreram em alguns momentos do ano. Primeiro trabalhamos com o estoque que tínhamos, e depois fomos tentando negociar com o fornecedor. Mas precisei repassar um pouco [ao cliente]." Falleiro diz já ter sido informado que, em janeiro, deve haver nova alta na matéria-prima. A esperança dele é que a medida recém-anunciada pelo governo possa minimizar o aumento.

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