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Guilherme Mello
Guilherme Mello diz que efeitos da queda, se concretizada, pode chegar aos consumidores em 2024.| Foto: Edu Andrade/Ministério da Fazenda

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, se reúne na próxima semana para definir o rumo da taxa básica de juros do país, que está a 13,75% ao ano e vem sendo alvo de críticas do governo e de parte da sociedade produtiva desde o início do ano.

Os diretores do Copom se reúnem na terça (1º/8) para começar as discussões e tomarem uma decisão no dia seguinte. A expectativa é de que comecem um movimento de baixa de 0,25 a até mesmo 0,50 ponto percentual entre as previsões mais otimistas do governo e de parte do mercado financeiro.

Esta próxima reunião do Copom já terá a participação dos dois novos diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o economista Gabriel Galípolo – considerado até então como o número 2 do Ministério da Fazenda – e o contabilista Ailton de Aquino Santos. Eles tomaram posse dos cargos no começo do mês e são a aposta do governo para influenciar os outros membros do Copom para começar a baixar a taxa de juros.

Segundo Guilherme Mello, secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, esse movimento de queda pode ser acelerado por conta de dados divulgados recentemente da inflação (-0,08% em junho), mercado de trabalho e atividade econômica.

“Não tenho nenhum poder preditivo ou de criar alguma influência em uma decisão que é autônoma do Conselho de Política Monetária. Mas, para ficarmos apenas nas previsões do próprio mercado financeiro, hoje quase 70% acreditam que nessa reunião do Copom haverá uma redução mais próximo da ordem de 0,50 pp”, disse nesta sexta (28) em entrevista à GloboNews.

Efeitos da queda começam a chegar na população apenas em 2024

Mello explica que, em se concretizando a expectativa do mercado, os efeitos diretos podem começar a ser sentidos pela população a partir do primeiro trimestre do ano que vem “se começarmos hoje, em um ritmo adequado”.

De acordo com o secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, os próprios agentes do mercado financeiro e os empresários podem começar a “precificar essa queda” e antecipar decisões de investimentos.

“Tanto na atividade do setor de serviços, na retomada dos investimentos da indústria, como no próprio consumo das famílias, porque vai estar unificando uma série de fatores”, afirmou Guilherme Mello.

Entre esses fatores está, diz, o próprio programa Desenrola Brasil, que está renegociando dívidas de pessoas com os bancos e que terá uma nova etapa a partir de setembro para pessoas de menor renda.

“Se juntarmos o programa Desenrola, que ‘desnegativa’, tira as pessoas do cadastro negativo e retorna as pessoas para o mercado de crédito com uma redução do custo desse crédito, isso pode ter um impacto muito positivo do ponto de vista do consumo das famílias, da atividade econômica e, obviamente, um retorno muito positivo para as empresas e suas decisões de investimentos”, analisa.

Reformas vão dar suporte à retomada do crédito

Ainda segundo o secretário do ministério, a sinalização favorável da Câmara dos Deputados e do Senado às reformas econômicas enviadas pelo governo, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, ajuda a dar suporte à retomada do mercado de crédito e coloca o Brasil “mais ou menos” alinhado às melhores práticas de outros países.

Isso abrirá espaço, diz, para que outras reformas sejam tocadas mais para frente, como a reforma tributária da renda, que deve ser enviada pelo ministro Fernando Haddad, ainda no mês de agosto junto do Orçamento de 2024.

“É nesta reforma que enxergamos o maior potencial de melhorar a distribuição de renda no Brasil e também abrir espaço para outras agendas, como o plano de transformação ecológica, a neoindustrialização, que nós estamos discutindo e já estamos trabalhando [entre ministérios]”, completou o secretário.

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