
O uso da tecnologia na criação publicitária é tão recorrente que este ano o Festival Internacional de Criatividade de Cannes, que termina amanhã, no sul da França, trouxe uma nova categoria, a Innovation Lions. Ela reúne cases pioneiros que incluem aplicativos, ferramentas de internet, programas, hardware, produtos e formatos variados de softwares. Publicitários ou não. Os criativos das peças finalistas tiveram até de apresentar os cases aos jurados, ao vivo.
O Brasil teve três entre os finalistas na nova categoria, mas não ganhou nenhum Leão. "Há muito espaço para crescer", diz Gabriela May, vice-presidente de Atendimento do Grupo OM Comunicação Integrada, que está na França. E as agências brasileiras devem aproveitar esse espaço, tanto que a tecnologia já faz parte dos processos de criação. "O interesse tem aumentado a cada dia com o avanço das indústrias de desenvolvimento tecnológico, seja em software ou hardware", afirma Thiago Biazetto, diretor cultural do Clube de Criação do Paraná (CCPR) e diretor de criação da TIF, que também participa do festival.
Outra profissional que está em Cannes, Flávia Rennó, diretora de criação da OpusMúltipla Ideias que Funcionam, ressalta que ainda existe lugar para ideias simples e inteligentes que não utilizam tecnologia. "O que não vai acontecer nunca é a tecnologia ser utilizada para disfarçar ou melhorar uma ideia ruim. Ela tem de ser o meio e não o fim", completa Fhabyo Matesick, sócio e diretor de Planejamento da Tif. Esta é a quarta vez que ele participa do festival.
Esse é o maior evento de publicidade e marketing do mundo, realizado desde 1954. Este ano, 35.765 peças e projetos de 92 países foram inscritos para disputar os cobiçados Leões. As agências brasileiras já somam quase 100 troféus, bem mais que os 79 que elas levaram para casa em 2012.
Mão na massa
Para os profissionais das agências de publicidade o uso crescente da tecnologia exige aprendizado constante. "É um novo paradigma onde o consumidor tem sempre duas possibilidades, interagir ou não. O publicitário vai ter de se alimentar de outras fontes que não a publicidade", diz Biazetto.
Impressões
Profissionais de Curitiba que estão em Cannes contam o que, para eles, o festival tem de melhor
"Uma característica que me chamou a atenção aqui em Cannes foi a excelência de execução em todas as categorias. Tanto tecnologia quanto recursos de computador são utilizados em um nível de perfeição absurdo. O resultado disso são peças lindas, com ideias muitas vezes simples, mas primorosamente executadas."
Flávia Rennó, diretora de criação da OpusMúltipla Ideias que Funcionam
"Meu case preferido é o Dumb ways to die, para diminuir o número de acidentes no metrô. Eu não consigo parar de cantar a música e tenho vontade de roubar os anúncios para pendurar na parede da minha casa."
Victor Afonso, presidente do CCPR e diretor de criação da Master
"O que tenho visto de forma massiva este ano é a questão dos dados. A quantidade e variedade disponíveis vão mudar a relação de como as pessoas conhecem a si próprias, gerando consumidores muito mais exigentes e que demandarão produtos cada vez mais individuais."
Fhabyo Matesick, diretor de Planejamento da Tif



