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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, nesta sexta-feira, que o Brasil não corre riscos com a atual turbulência financeira internacional. Ele voltou a dizer que não acredita que esta situação possa durar muito tempo:

- Eu acredito que esta turbulência não deve durar, mas se durar, nós temos muita bala na agulha para enfrentar a crise - afirmou, referindo-se às altas reservas externas brasileiras, de cerca de US$ 158 bilhões.

Nesta sexta-feira, a crise do setor imobiliário americano se agravou e os principais bancos centrais do mundo precisaram injetar dinheiro no mercado para ajudar a reduzir o impacto nas bolsas mundiais.

Ele disse ainda que os bancos brasileiros também são sólidos e não devem ser afetados com esta situação. Mantega voltou a dizer que nenhum acontecimento está mudando o rumo da economia, que continuamos "a cavaleiro" (por cima, em posição elevada) da situação nacional e que, no futuro, a crise poderá ser benéfica para o Brasil:

- Passada esta turbulência, o Brasil continuará sendo um dos endereços prediletos dos investidores, devido às condições que temos. Esta turbulência levará à busca de menor risco. Eles (os investidores) foram em busca de risco maior por falta de oportunidades e pela sobra de capital e então eles deram empréstimo com risco maior. A lição que eles vão aprender é que precisam tomar mais cuidado com as aplicações e depois desta turbulência é possível que o Brasil seja até privilegiado, por apresentar condições de solidez e de rentabilidade, onde o risco é menor que este que os investidores tomaram.

Projeção de 5% para o PIB

Ele lembrou que já há bancos e economistas projetando um crescimento da economia brasileira para este ano superior a 5% , acima da expectativa do governo e do Banco Central (4,7%) e do próprio mercado financeiro brasileiro (4,51%).

- Veja que os empresários nem ligam para isso (a turbulência). Os investidores vêm para cá para ganhar dinheiro com operações sólidas e de baixo risco. O que pode acontecer é uma seleção de países (por parte dos investidores) - afirmou.

Mantega acredita que a crise seja passageira

- São dois ou três dias de turbulências um pouco mais fortes. Foi parecido com o que aconteceu no meio do ano passado. Durou duas semanas e amainou. Não podemos falar em crise enquanto não afetar o nível de produção e atividade - afirmou o ministro.

Ele voltou a demonstrar confiança na solidez brasileira e disse que os lucros recordes dos dois principais bancos privados brasileiros - Bradesco e Itaú - demonstram que a crise de crédito ainda passa longe do país. Para ele, mesmo o aumento do financiamento empresarial brasileiro no exterior não está comprometido, afirmando que isso só ocorreu porque o crédito externo estava "mais barato". Segundo ele, o sistema financeiro nacional tem capacidade para absorver essa demanda:

- Não vejo nenhum banco brasileiro envolvido na questão dos hedge funds. Pelo contrário, o sistema financeiro brasileiro está bastante sólido. O grosso do nosso crédito, diria que quase 100%, é gerado aqui dentro e, portanto, a expectativa é de que o volume de crédito cresça em torno de 20% a 22%. Vai continuar estimulando o crescimento da economia - disse.

Para Mantega, esta crise traz um efeito colateral positivo para alguns setores: a valorização do dólar:

- A turbulência nunca é positiva, sempre deiva uma inquietação no ar, mesmo que não haja uma repercussão direta, ela sempre traz alguma perturbação. Então, eu não aposto na turbulência para melhorar o câmbio no Brasil, mas é claro que o câmbio subiu e deve ter acalmado alguns stores que estavam reclamando.

O ministro destacou que o país está sendo beneficiado por uma entrada recorde de capitais externos este ano. - Então se diminuir um pouco o fluxo, se sair um pouco de recursos não altera nada, não tem nenhuma dificuldade maior - afirmou.

Investment grade

Sua aposta, pelo contrário, é que a turbulência poderá ter o efeito muito positivo para o país.

- Passada a turbulência, os capitais vão procurar fazer investimentos mais seguros nos países sólidos e certamente hoje o Brasil está entre eles - afirmou. - Talvez até faça com que o investment grade chegue mais rapidamente.

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