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Edifícios de grandes bancos no centro financeiro de Londres: incerteza com rumo da economia mundial e a crise das dívidas na Europa provocaram nova rodada de quedas nas principais bolsas do mundo | Paul Hackett/Reuters
Edifícios de grandes bancos no centro financeiro de Londres: incerteza com rumo da economia mundial e a crise das dívidas na Europa provocaram nova rodada de quedas nas principais bolsas do mundo| Foto: Paul Hackett/Reuters

A presidente Dilma Rousseff reiterou ontem que o governo não vai adotar medidas extraordinárias para controlar a alta do dólar. Mas, apesar da negativa em público, o governo mostrou que está incomodado e que vai agir para evitar que a moeda suba muito mais.

Por volta de 10 horas da manhã de ontem, quando o dólar beirava R$ 1,95, o Banco Central surpreendeu e ofereceu US$ 5,5 bilhões às instituições financeiras em contratos de dólar no mercado futuro, na primeira venda desse tipo desde junho de 2009. Desse total, US$ 2,75 bilhões foram negociados. A oferta amenizou o nervosismo do mercado, mas não impediu que a cotação fechasse em alta de 2,26%, cotada a R$ 1,90 – maior nível desde 1.º de setembro de 2009.

O BC promete continuar e até ampliar a atuação com a possibilidade de vender dólares no mercado à vista. "Entramos porque avaliamos que a liquidez do mercado não era adequada. O BC vai continuar no mercado futuro enquanto entender que é necessário", disse o diretor de política monetária da instituição, Aldo Luiz Mendes.

Análise

A operação foi bem recebida: nas mesas de compra e venda de dólar, prevaleceu o entendimento de que o BC está atento e não vai permitir que movimentos especulativos atrapalhem o rumo dos negócios. "Esse recado de que o BC pode voltar a qualquer momento aos negócios é bom porque diminui o espaço para os especuladores", diz o gerente de câmbio da Souza Barros Corretora, Luiz Antônio Abdo.

"A curto prazo o dólar deve se valorizar, mas não deve chegar a R$ 2,00. Quando ele se aproximar desse valor, o governo vai fazer alguma manobra para conter a alta", avalia a estrategista de investimentos da Eugênio Invest, Cláudia Augelli.

Temores

As principais razões para a disparada do dólar – que ocorre simultaneamente à queda da Bovespa e das principais bolsas mundiais – estão nas incertezas sobre o desempenho da economia dos Estados Unidos, e na falta de soluções para a crise das dívidas que afeta vários países europeus. A incerteza leva os investidores a temer a repetição do mesmo cenário visto em 2008 – quando um travamento no mercado de crédito jogou o mundo na recessão.

Na falta de boas notícias, bolsa despenca 4,83%

Os bons fundamentos da economia doméstica de nada serviram para conter o ímpeto de vendas no mercado acionário doméstico. A aversão ao risco que predominou ao redor do mundo desembarcou no Brasil e a Bovespa desabou 4,83% – a maior retração desde 8 de agosto – e atingiu o nível mais baixo em quase um mês.

A frustração com o Fed (o banco central norte-americano) e a falta de bons sinais vindos da Europa novamente deram o tom dos negócios. Na quarta-feira o Fed anunciou um plano de US$ 400 bilhões para tentar reativar a economia dos Estados Unidos, mas boa parte do mercado esperava medidas mais ousadas. Os investidores também se assustaram com a advertência do Fed sobre os "riscos significativos" para o crescimento dos EUA, e se balizaram nos números ruins da China e da Europa sobre atividade industrial.

O dia foi repleto de declarações contundentes dos representantes de alguns dos principais organismos mundiais e dos principais grupos econômicos. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, avisou que EUA, Europa e Japão têm de agir para evitar que seus problemas econômicos atrapalhem o resto do mundo.

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