Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Renda fixa

Tesouro Direto podia custar menos

Mudanças anunciadas no início do mês barateiam a operação, mas há espaço para reduzir mais as taxas

O empresário Mazur: dúvidas sobre o Tesouro Direto foram sanadas com leituras e muito cálculo | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
O empresário Mazur: dúvidas sobre o Tesouro Direto foram sanadas com leituras e muito cálculo (Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo)

O Tesouro Direto está mudando. Não muito – afinal, não fica bem mexer numa aplicação cujo volume de investimentos cresceu 50% em relação ao ano anterior –, mas o suficiente para dar mais incentivos para o investidor pessoa física. As mudanças, anunciadas no início deste mês, não tocam nos títulos em si, mas nas taxas cobradas nas operações e na forma de negociação.

A melhor notícia não é para agora: a BM&FBovespa iniciou um processo de convergência entre os sistemas de compra e venda de ações e o Tesouro Direto. A partir de 30 de outubro, algumas corretoras já poderão fazer negócios com títulos públicos pelo home broker – a plataforma eletrônica usada para negociar ações via internet. A utilidade dessa mudança é óbvia: o investidor poderá controlar tanto aplicações de renda fixa quanto de renda variável com uma mesma ferramenta.

A parte que já está em vigor diz respeito às taxas de custódia. A taxa básica, cobrada também pela BM&FBovespa, caiu de 0,4% ao ano para 0,3% ao ano para negócios feitos a partir de 6 de abril – compras feitas antes dessa data continuam sujeitas à cobrança do porcentual anterior. A queda é pequena, mas já faz diferença em um ambiente em que a redução na taxa Selic vem apertando cada vez mais as rentabilidades.

Para o consultor em finanças pessoais Raphael Cordeiro, no entanto, a redução poderia ter sido maior. "O volume de aplicações no Tesouro Direto está crescendo muito, então deveria ser possível fazer uma redução na mesma escala", opina. De fato, em fevereiro passado (último dado disponível), foram vendidos via Tesouro Direto R$ 105,4 milhões em títulos federais, o que representa um aumento de 49,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já o estoque total do tesouro – ou seja, o valor total dos papéis em poder dos investidores dessa categoria – aumentou 75,1% em relação a fevereiro de 2008, chegando a R$ 2,6 bilhões.

Um crescimento dessa magnitude justifica a opinião de Cordeiro, para quem as regras "continuam sendo um pouco injustas com o mercado de renda fixa". Inclusive porque o investidor ainda paga uma outra taxa, de administração, que é cobrada pelo banco ou pela corretora com a qual ele trabalha. Essas taxas variam desde zero (as corretoras Banif, Socopa e Spinelli não têm taxa de administração para o Tesouro Direto) até 4% ao ano (porcentual cobrado pelo banco Bradesco).

Entre os novos investidores, que estão garantindo ao Tesouro Direto essas taxas de crescimento, está o empresário Rafael Mazur Neto, de 27 anos. Ele escolheu o Tesouro Direto para programar sua aposentadoria, para daqui a 25 anos, e tem feito compras mensais na faixa de R$ 300. Ele conta que teve algumas dificuldades para entender o funcionamento do Tesouro Direto, em especial no caso dos títulos que pagam cupons semestrais – ou seja, que depositam a cada seis meses um valor equivalente aos juros do período. Nesse caso, para obter a rentabilidade plena dos títulos é preciso reinvestir o cupom. "Não era bem o que eu esperava", diz. "Mas o negócio não é ruim. Para mim, ainda é melhor do que uma previdência privada."

O que ajudou Mazur a entender o mercado foi a leitura de um livro – Títulos públicos sem segredo, de Fábio Guelfi Pereira (editora Campus) – e muito cálculo. "Hoje estou convencido de que é um investimento muito atraente, embora seja dos mais conservadores", diz.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.