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Aviação

Tráfego intenso, céu congestionado

Falta de investimentos em controle de tráfego aéreo causa atrasos, cancelamentos e prejuízos financeiros para passageiros e empresas

Interior do Cindacta II, em Curitiba: controladores diminuíram de número nos últimos anos | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Interior do Cindacta II, em Curitiba: controladores diminuíram de número nos últimos anos (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Engarrafamento não é exclusividade das ruas das grandes cidades. Nos céus, pilotos também enfrentam um intenso tráfego, que causa filas nos balcões de check-in, atrasos dos voos e congestionamento de aeronaves nas pistas e nos pátios, além de cancelamentos, prejuízos financeiros e acidentes – como a tragédia do voo 1907 da Gol, que se chocou com o jato Legacy, e deixou 154 mortos.

Em 2012, ano em que as principais empresas brasileiras vão fechar o balanço financeiro com prejuízos bilionários, aviões parados em solo ou gastando combustível à toa, esperando na fila para pousar ou decolar, são preocupantes. E o controle de tráfego é um dos principais protagonistas dessa trama, que atingiu o ápice em 2007, com o "Apagão Aéreo".

Para os diretores das grandes empresas, a falta de infraestrutura no controle de tráfego aéreo impacta tanto quanto a falta de infraestrutura aeroportuária. "Mesmo que a Infraero construísse 15 pistas em Congonhas, haveria atrasos e cancelamentos. Os controladores não conseguem monitorar muitos aviões ao mesmo tempo", diz o gerente de comunicação externa da Gol Linhas Aéreas Inteligentes, Marcus de Barros Pinto.

Mais complicado

No texto "Modelo de controle do espaço aéreo brasileiro e sua integração com outros sistemas", o ex-controlador de voo e consultor Eno Siewerdt afirma que aumentar a capacidade do controle de tráfego aéreo, em geral, é mais complicado que aumentar a capacidade dos aeroportos. "Enquanto nos aeroportos, algumas obras podem duplicar a capacidade, no caso do controle de tráfego, o crescimento sistemático da capacidade tem maturação bem mais lenta, podendo levar uma década ou mais".

Controladores

No país, o controle de tráfego aéreo é feito por quatro unidades de monitoramento, os centros integrados de Defesa Aérea e Controle do Espaço Aéreo (Cindacta I, II, III, IV). Segundo o presidente da Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo, o ex-controlador Edleuzo Cavalcante, desde o Apagão Aéreo, os concursos dos últimos anos apenas supriram a demanda dos que foram embora e o treinamento piorou. "No passado, o treinamento durava quatro anos, dois na escola e dois em estágio. Atualmente o curso é de apenas 60 horas. Imagina na Copa do Mundo, nas Olimpíadas. Será um caos."

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