
Engarrafamento não é exclusividade das ruas das grandes cidades. Nos céus, pilotos também enfrentam um intenso tráfego, que causa filas nos balcões de check-in, atrasos dos voos e congestionamento de aeronaves nas pistas e nos pátios, além de cancelamentos, prejuízos financeiros e acidentes como a tragédia do voo 1907 da Gol, que se chocou com o jato Legacy, e deixou 154 mortos.
Em 2012, ano em que as principais empresas brasileiras vão fechar o balanço financeiro com prejuízos bilionários, aviões parados em solo ou gastando combustível à toa, esperando na fila para pousar ou decolar, são preocupantes. E o controle de tráfego é um dos principais protagonistas dessa trama, que atingiu o ápice em 2007, com o "Apagão Aéreo".
Para os diretores das grandes empresas, a falta de infraestrutura no controle de tráfego aéreo impacta tanto quanto a falta de infraestrutura aeroportuária. "Mesmo que a Infraero construísse 15 pistas em Congonhas, haveria atrasos e cancelamentos. Os controladores não conseguem monitorar muitos aviões ao mesmo tempo", diz o gerente de comunicação externa da Gol Linhas Aéreas Inteligentes, Marcus de Barros Pinto.
Mais complicado
No texto "Modelo de controle do espaço aéreo brasileiro e sua integração com outros sistemas", o ex-controlador de voo e consultor Eno Siewerdt afirma que aumentar a capacidade do controle de tráfego aéreo, em geral, é mais complicado que aumentar a capacidade dos aeroportos. "Enquanto nos aeroportos, algumas obras podem duplicar a capacidade, no caso do controle de tráfego, o crescimento sistemático da capacidade tem maturação bem mais lenta, podendo levar uma década ou mais".
Controladores
No país, o controle de tráfego aéreo é feito por quatro unidades de monitoramento, os centros integrados de Defesa Aérea e Controle do Espaço Aéreo (Cindacta I, II, III, IV). Segundo o presidente da Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo, o ex-controlador Edleuzo Cavalcante, desde o Apagão Aéreo, os concursos dos últimos anos apenas supriram a demanda dos que foram embora e o treinamento piorou. "No passado, o treinamento durava quatro anos, dois na escola e dois em estágio. Atualmente o curso é de apenas 60 horas. Imagina na Copa do Mundo, nas Olimpíadas. Será um caos."



