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Atualizado em 02/10/2006, às 19h20

RIO - A tragédia da queda do Boeing 737-800 da Gol pegou a companhia aérea em um momento de plena expansão dos seus negócios e fez com que as ações da empresa tivessem forte queda, com grandes oscilações nesta segunda-feira. Os papéis preferenciais chegaram a cair quase 6% na abertura do mercado, mas reduziram a queda durante o dia e fecharam em baixa de 1,85%, a R$ 73,81, enquanto o Índice Bovespa subiu 1,67%.

Na abertura, as ações chegaram a ter as negociações supensas momentaneamente pelo sistema automático da Bovespa, que impede quedas acentuadas. Já as ações da Embraer, fabricante do jato executivo Legacy que colidiu com o Boeing da Gol, fecharam estáveis, a R$ 21,30. O jato estava em seu primeiro vôo sendo levado pelo comprador do avião, a empresa americana Excel Air, de São José dos Campos, onde fica a fábrica da Embraer, para os Estados Unidos.

No último grande acidente da aviação comercial brasileira, antes da tragédia da Gol, a tragédia impactou os negócios da companhia aérea com força. Segundo reportagem do jornal "Valor Econômico", após a queda do Fokker-100 da TAM, em 31 de outubro de 1996, houve uma queda de 70% no número de passageiros da companhia nas duas primeiras semanas após o acidente.

As ações da TAM perderam 22% do valor em apenas um dia. Em entrevista ao "Valor", o vice-presidente da TAM na época, Luiz Eduardo Falco (atualmente na Telemar), estimou o custo de um acidente aéreo em US$ 1 bilhão só com os danos à imagem da empresa, excluindo aí indenizações e o próprio avião, coberto por seguro.

Em relação ao acidente desta sexta-feira, no entanto, especialistas ressaltam que a situação é bem diferente, mas não negam que deverá haver impacto. Primeiramente, as aeronaves da família Boeing 737, usados pela Gol, além de nova, tem ótima reputação no mercado brasileiro, ao contrário do Fokker-100, que teve vários outros registros de acidentes.

- A repercussão comercial, se houver, será insignificante - afirmou o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, mas lembrando que a empresa precisará fazer "um trabalho de relações públicas", acrescentou Mares Guia.

A companhia iniciou suas operações em janeiro de 2001 e atingiu uma participação no mercado brasileiro de aviação de 33% nos oito primeiros meses deste ano (últimos dados disponíveis). A taxa de agosto de ocupação da companhia em agosto foi de 77%.

Segundo a reportagem do "Valor", algumas projeções de mercado já apontam uma queda de até quatro pontos percentuais na taxa de ocupação da Gol, em outubro, mas o movimento não teria como ir além disso porque, com atual concentração de mercado, as outras companhias não teriam como absorver a eventual transferência de passageiros.

Os especialistas responsáveis por essas estimativas lembram que TAM e Gol detêm, juntas, quase 90% do mercado doméstico. A Varig opera com apenas 10 aeronaves nas rotas nacionais e as demais concorrentes não têm oferta suficiente para absorver um aumento da demanda.

O diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, reconheceu que todo acidente aéreo traumatiza os passageiros por um tempo. Entretanto, ele elogiou a atuação da Gol e lembrou que o setor aéreo no país está crescendo a taxas inéditas e minimiza impactos.

- Não creio (em reflexos negativos para a Gol). Os sistemas de controle e de manutenção são muito rigorosos, e podemos garantir que a fiscalização brasileira é uma das mais respeitadas do mundo.

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