• Carregando...

O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou um aumento do juro em julho e intensificou o impasse entre governos sobre um novo socorro à Grécia ao rejeitar qualquer forma de reestruturação de dívida.

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, disse que a autoridade monetária vai exercitar "forte vigilância" nas pressões inflacionárias, mantendo uma frase que tem sido consistentemente utilizada no passado para sinalizar elevação da taxa básica um mês depois.

Trichet utilizou precisamente esse código em março para acenar um aumento do juro em abril de 1 para 1,25%, no que correspondeu ao primeiro aperto monetário em dois anos.

"O balanço de riscos para a perspectiva de estabilidade de preço está em alta, e uma forte vigilância está garantida. Com base em nossa avaliação, agiremos de modo firme e no momento apropriado", afirmou Trichet a jornalistas após o BCE manter o juro na região em 1,25%.

Segundo ele, evidências desde o encontro do BCE em maio confirmaram "contínuas pressões de alta na inflação como um todo, principalmente oriundas dos preços das commodities e de energia."

Mas, para evitar um choque ao retirar os estímulos muito rapidamente, o BCE continuará oferecendo aos bancos liquidez ilimitada para dar suporte à recuperação, disse Trichet.

"O BCE deixou pouca dúvida de que elevará o juro de 1,25% para 1,50% no encontro de julho", disse Howard Archer, economista do Global Insight.

Para além de julho, Trichet deixou as opeções do BCE em aberto ao dizer: "Não estamos sinalizando nenhum ritmo particular para as próximas decisões sobre taxa de juros."

Impasse grego

Trichet não ofereceu nenhuma solução à questão na zona do euro de como envolver o setor privado em um novo pacote de ajuda para evitar que a Grécia se torne o primeiro Estado insolvente da zona do euro.

O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, que enfrenta pressão doméstica para envolver o setor privado em qualquer socorro à Grécia, pediu no início desta semana uma contribuição "quantificada e substancial" de detentores de bônus como parte do pacote.

Schaeuble também sugeriu a ampliação dos vencimentos da dívida grega em sete anos. Os comentários de Trichet pareceram ressaltar sua oposição a esse tipo de pressão.

"Não estou embarcando num diálogo a um ministro particular aqui", disse Trichet.

"Nós não somos a favor de reestruturar", disse ele. "Excluímos todos os conceitos que não sejam puramente voluntários, sem elementos de compulsão. Nós pedimos para evitar qualquer evento de crédito e moratória seletiva. E, claro, o default."

Trichet disse que ficou surpreso pela noção limitada de participação do setor privado e acrescentou que a privatização é uma boa forma de mobilizar capital privado.

Questionado sobre se o BCE adiaria o vencimento dos bônus gregos que possui, Trichet respondeu: "Certamente não é nossa intenção."

Ele também indicou que o BCE pode não estar disposto a aceitar bônus gregos de bancos pedindo empréstimos se alguma forma de reestruturação tornar os títulos inelegíveis sob as regras da instituição.

"Nós temos uma forte determinação para aplicar nossa estrutura e nossas regras, o que quer que aconteça aqui e ali. E nós temos uma posição muito clara a esse respeito", afirmou Trichet.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]