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Aeronaves

Um mercado tímido, mas prestes a decolar

Número de helicópteros sobrevoando o Paraná equivale a apenas um décimo da frota paulista, mas empresários prevêem que o setor voará mais alto nos próximos anos

O piloto Octávio de Souza Neto: “O mercado está propício a crescer rapidamente”. | Antonio Costa/Gazeta do Povo
O piloto Octávio de Souza Neto: “O mercado está propício a crescer rapidamente”. (Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo)

Dá para contar nos dedos os helicópteros particulares no Paraná – quem trabalha na área diz que não passam de dez os empresários que optaram pela engenhoca para se locomoverem. Em Curitiba, ver um deles cruzando os ares ainda é um acontecimento, e há até quem acene para os tripulantes. Há cerca de 40 aeronaves no estado – um décimo do número de São Paulo, que tem a segunda maior concentração de helicópteros do mundo e onde já há, inclusive, movimento popular para regulamentar o tráfego dos barulhentos. O mercado ainda tímido do Paraná, no entanto, atrai as empresas do setor que procuram oportunidades de crescimento, e que prometem: o número de aeronaves vai aumentar em breve.

"O Paraná tem um potencial muito grande", comenta a gerente comercial regional da Helibras, Patrícia Lima. Única fabricante de helicópteros da América Latina, a empresa mineira tem desde janeiro um representante em Curitiba, que atende as regiões Sul e Centro-Oeste do país. "Essas regiões podem não ter a maior frota, mas estão descobrindo o uso do helicóptero." Segundo ela, nos últimos três anos o número de clientes no estado dobrou.

Também está no Paraná uma das maiores empresas de táxi aéreo do país, a Helisul. A empresa, que trabalha apenas com helicópteros e tem 25 aeronaves, começou sobrevoando as Cataratas do Iguaçu, com um modesto Bell 47 para dois passageiros. Hoje, em vôos panorâmicos, a atração só perde para o Grand Canyon e o Havaí – além de Foz, os helicópteros da Helisul sobrevoam também o Rio de Janeiro, onde a empresa mantém o único heliponto do Pão de Açúcar. "Eu ia sentadinha ali na frente, perto dos pés do meu pai", lembra Raphaela Biesuz, filha do proprietário da empresa e atual diretora-administrativa.

Recentemente, a Helisul, que também faz serviços aéreos especializados, como combate a incêndios, filmagens, transporte e aerolevantamentos, comprou o seu terceiro hangar no Aeroporto do Bacacheri, destinado à oficina – outra de suas atividades. Desde o início do ano, a principal base de manutenção da empresa foi transferida de Foz do Iguaçu para Curitiba. "Curitiba já tem uma malha aérea grande. Isso facilita muito a importação de peças, e também o tráfego de pessoas e técnicos", explica Raphaela.

Na Helisul, a maioria dos serviços e contratos ainda está fora do Paraná. Por aqui, o foco são as atividades de manutenção e os vôos panorâmicos sobre as Cataratas. Em outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, o helicóptero já é ferramenta de trabalho. "Para empresários, para quem tempo é dinheiro, o helicóptero tem uma utilidade muito grande. Ele escapa do trânsito, sem contar o aspecto da segurança", diz o piloto Octávio Teixeira de Souza Neto, que há três anos opera um helicóptero particular no Paraná.

Raphaela lembra que, para algumas atividades, o helicóptero é fundamental – e em qualquer estado. "No Amazonas, por exemplo, não tem outro jeito de chegar a não ser por helicóptero. Para fazer uma exploração geológica, ele também é excelente, porque pode parar, se aproximar da área e até pousar. O avião passa reto."

Ainda que não sofram com o trânsito das grandes cidades, alguns (poucos) empresários do Paraná já desembolsaram alguns milhões para investir em um helicóptero. "Na Região Sul, há uma concentração muito grande de empresas com bases em diferentes cidades. O deslocamento entre elas fica mais rápido", explica Patrícia Lima, da Helibras. "Há também uma carência de aeroportos no interior, o que dificulta o uso de aviões ou jatos particulares."

Foram essas facilidades que chamaram a atenção de um empresário paranaense, proprietário de um dos helicópteros que sobrevoam regularmente a capital. Dono de fazendas no interior do Paraná e de Mato Grosso do Sul, e sócio de empresas baseadas em várias cidades, ele comprou há dois anos um Esquilo B3, o campeão de vendas da Helibras, avaliado em US$ 3 milhões (cerca de R$ 5 milhões). "Com o jato executivo que eu tinha, para ir a uma fazenda, era preciso descer num aeroporto e andar mais 90, 120 quilômetros de carro. Para ir a São Paulo, tinha que avisar Congonhas com 24 horas de antecedência para ter onde aterrissar."

Segundo ele, o custo do jato chegava a ser três vezes maior, por conta dos gastos com tripulação, taxas para aterrissagem e decolagem e sistemas de vigilância por radar. Para o empresário, o número de executivos paranaenses com helicóptero deve aumentar em breve – em função não só das facilidades da aeronave, mas também das condições cada vez piores do trânsito nas grandes cidades e das estradas do interior. "Empresários amigos já estão na fila para comprar."

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