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Petrobrás

Uma aventura de alto custo na selva

Coari – A procura por petróleo na Amazônia começou na segunda década do século passado. Mas, até 1986, as centenas de perfurações haviam rendido aos exploradores apenas uma coleção de casos de malária e decepções – no máximo, jazidas sem valor comercial. Em março de 1955, por exemplo, o anúncio de que havia reservas em três municípios da Bacia do Rio Amazonas provocou euforia. Mas logo se descobriu que os reservatórios eram escassos. Para que o presidente Juscelino Kubitschek posasse para a fotografia com a mão manchada de óleo, foi preciso usar uma bomba.

Em Urucu foi diferente. Com a pressão gerada pela grande quantidade de gás dos reservatórios, o óleo localizado a 2,5 mil metros da superfície subiu espontaneamente ao solo logo que a broca atingiu o poço – e os operários correram para recolher o petróleo em garrafas, para guardar como lembrança. "Depois de tanto tempo, foi uma festa quando a gente encontrou", conta José Maria Cardoso Costa, hoje gerente da base amazônica da Petrobrás, que acompanhou diversas descobertas não-comerciais.

Os altos custos dos levantamentos são explicados pelas peculiaridades da Amazônia, a começar pelo difícil acesso. Depois de uma análise denominada aerofotogrametria, helicópteros deixam mateiros no meio da selva para abrir clareiras e detonar explosões. As linhas sísmicas apontam os tipos de rocha do subsolo, e a presença de arenito é um indício de que o local pode abrigar petróleo.

Caso se decida pela perfuração, helicópteros fazem pelo menos 400 viagens durante 15 dias para transportar, peça por peça, a sonda que vai furar a terra. Ela fica cerca de 100 dias no local e, ainda que encontre petróleo – na Amazônia, a chance é de 10% –, a Petrobrás ainda precisa avaliar se o reservatório é comercial. "Somente para a perfuração dos poços de Urucu gastamos US$ 8,5 milhões", diz Costa. Até a descoberta na região, a Petrobrás havia perfurado cerca de 600 poços na selva amazônica.

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