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As usinas de açúcar e etanol no centro-sul do Brasil não buscarão antecipar o início da moagem de cana-de-açúcar na safra 2011/12, diferentemente do que tem ocorrido nos últimos anos, já que há etanol em estoque e as empresas buscam um melhor aproveitamento da matéria-prima.

De acordo com projeção da empresa de análise agroindustrial Agroconsult, como os principais grupos de açúcar e etanol operando no Brasil venderam de forma antecipada boa parte de suas produções de açúcar, aproveitando o bom nível internacional de preços, elas vão preferir colher a cana no melhor momento em termos de aproveitamento para a produção do adoçante.

O fato de os canaviais terem sofrido com estiagem no final do ano passado e de agora estarem recebendo boas chuvas também pesa na decisão de não antecipar a moagem, diz o analista do setor sucroalcooleiro da Agroconsult, Fabio Meneghin.

"A cana que é processada de forma antecipada não tem bom aproveitamento para fazer açúcar. E nesse ano já tem muito açúcar vendido, as usinas querem garantir a produção para cumprir os contratos, vão esperar para colher a cana madura", afirmou.

Segundo ele, grandes empresas do setor, como a Louis Dreyfus, já comercializaram cerca de 60 por cento do volume de açúcar previsto em 2011/12.

Na questão agrícola, diz ele, é vantajoso para os produtores de cana e as usinas esperarem pela recuperação das lavouras, já que as condições melhoraram após as amplas chuvas nas últimas semanas.

"A cana é uma cultura rústica, se tiver boa oferta de água e sol ela se recupera bem. Conversei com várias usinas que pretendem iniciar a moagem apenas no início de maio, algumas em meados de abril", acrescentou Meneghin.

PRODUÇÃO MAIOR

Pela perspectiva de recuperação dos canaviais, a consultoria estima um leve aumento na safra de cana-de-açúcar do Brasil, para 635 milhões de toneladas, 1,6 por cento acima da safra anterior, enquanto outras consultorias acreditam que a estiagem fará com que a produção até mesmo caia.

O analista diz que os produtores e as usinas intensificaram a adubação dos canaviais, buscando melhor produtividade para aproveitar o bom momento de preços no mercado.

Ele não acredita em uma eventual pressão do governo federal pela antecipação da moagem visando aumento da oferta de etanol, como já ocorreu no passado, porque há estoques do produto.

O preço segue elevado, segundo o analista, porque as usinas estão bem capitalizadas e vendem apenas em níveis de preço que acham vantajosos. "Não estão precisando vender o etanol a qualquer preço para fazer caixa."

A Agroconsult estima que o Brasil chegue a 30 de abril, fim teórico da safra 10/11, com um estoque de passagem de 2 bilhões de litros de etanol. Os ganhos devem continuar elevados na nova safra.

"Tem tudo para ser uma safra com recorde de rentabilidade. Estimamos um ganho de 28 reais por tonelada de cana," afirmou Meneghin.

Na safra anterior, o ganho foi de 26 reais. Caso a unidade tenha estrutura de cogeração de energia, elevará o ganho em mais 1,5 real, deixando o lucro por tonelada perto dos 30 reais. "Uma usina pequena, que mói uns 2 milhões de toneladas, poderá ter um lucro líquido de uns 50 milhões (de reais)," citou.

Uma boa safra brasileira em 2011/12 será fundamental para manter o apertado equilíbrio no mercado global de açúcar.

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